Caixa Econômica Federal

Bolsonaro causou rombo na Caixa ao tentar vencer Lula nas eleições de 2022

Ex-presidente Jair Bolsonaro adotou duas medidas provisórias de empréstimo que provocou um rombo de bilhões à Caixa Econômica Federal

Vinícius Prates - Estado de Minas
postado em 29/05/2023 16:40
 (crédito: EVARISTO SA/AFP)
(crédito: EVARISTO SA/AFP)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou a Caixa Econômica Federal para tentar derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022 e, com isso, provocou um calote bilionário no banco. Ao criar duas linhas de créditos - uma para a população negativada e outra para os beneficiários do Auxílio Brasil -, Jair Bolsonaro emprestou bilhões à população, mas não garantiu que o dinheiro retornasse ao banco.

Conforme reportagem do UOL, os empréstimos foram criados por meio de medidas provisórias, com aval do então presidente da Caixa, Pedro Guimarães.

A primeira medida criava uma linha de microcrédito para pessoas negativadas, em março de 2022. O programa chamado SIM Digital emprestou ao todo R$ 3 bilhões, mas pouco do dinheiro foi retornado.

Conforme informado pela atual presidente do banco, Rita Serrano, a inadimplência do programa chegou a 80% neste ano. Isto é: a cada R$ 1.000 emprestados, R$ 800 não foram pagos.

O programa liberava de R$ 300 a R$ 1.000 para quem tinha dívidas de até R$ 3.000. A medida permitia que qualquer banco pudesse participar do programa, mas apenas a Caixa Econômica Federal se envolveu.

Segundo o levantamento, na época do lançamento, em um único dia 50 mil contratos foram assinados. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego - que acompanha o desempenho da linha de crédito - apenas no primeiro mês, a Caixa emprestou R$ 1,3 bilhão à população. Cinco de cada seis pessoas que pegaram o crédito eram negativadas.

Conforme a reportagem, parte do rombo deve ser coberto com verbas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Estima-se que seja utilizado R$ 1,8 bilhão do FGTS para cobrir o rombo, além de outros R$ 600 milhões a serem complementados pela Caixa.

Ainda segundo o UOL, os empréstimos chegaram ao fim com as denúncias de assédio sexual e moral do ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Após a revelação das acusações, técnicos da Caixa suspenderam os empréstimos para negativados.

Auxílio Brasil

A outra medida provisória liberava empréstimos consignados ao Auxílio Brasil. Entre o primeiro e o segundo turno das eleições foram liberados R$ 7,6 bilhões para os beneficiários. 280 mil contratos em um só dia foram registrados em único dia.

Com o "pente fino" nos devedores, mais de 100 mil pessoas irregulares foram excluídas do Bolsa Família este ano e o pagamento das parcelas do crédito agora é incerto.

Assim como empréstimo a negativados, todos os bancos estavam autorizados a participar do consignado do Auxílio Brasil, mas, conforme o levantamento, a Caixa concentrou 80% dos créditos do programa. Em média, o banco emprestou R$ 447 milhões por dia útil. O pico foi em 20 de outubro: R$ 731 milhões.

Conforme a reportagem, as medidas de Jair Bolsonaro custaram a queima de reservas do banco. No último trimestre de 2022, o índice de liquidez de curto prazo chegou a R$ 162 bilhões, R$ 70 bilhões a menos do que no ano anterior. Foi o menor nível do índice já registrado pela Caixa Econômica Federal, um indicador de risco.

A liquidez referente é a quantidade de dinheiro mínima que o Banco Central obriga as instituições bancárias a terem sempre disponível, para evitar uma quebra.

Procurados pela reportagem, o ex-presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, e o advogado de Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten, não responderam.

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