8 de janeiro

Randolfe sinaliza Anderson Torres entre os primeiros ouvidos na CPMI

Outro que deve ser ouvido logo no início dos trabalhos do grupo é Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro

Ândrea Malcher
postado em 25/05/2023 15:02 / atualizado em 25/05/2023 15:10
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que irá apurar os atos antidemocráticos do 8 de janeiro deve ouvir, entre os primeiros convocados, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, segundo o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (AP).

“Ele era ministro da Justiça que fez vistas grossas às ações da Polícia Rodoviária Federal no dia 30 de outubro, logo em seguida ele não organizou nenhuma ação de desocupação das estradas que tentavam atentar contra o Estado Democrático de Direito. Ato contínuo a isso, ele passa para o GDF na condição de secretário de Segurança Pública e se ausenta exatamente quando foi tentado um golpe no 8 de janeiro”, explicou o senador, que também antecipou Mauro Cid como um dos possíveis primeiros convocados.

Preso desde 3 de maio por suspeita de fraude em cartões de vacina de familiares, bem como de Jair Bolsonaro (PL) e da filha do ex-presidente, o coronel foi apontado em investigação da Polícia Federal (PF) como uma das figuras que conspiraram para um golpe de Estado que favorecesse a permanência de Bolsonaro na presidência do país.

A estratégia do governo, como aponta Randolfe, é demonstrar como os atos terroristas contra os Três Poderes no 8 de janeiro foram, na verdade, o ápice de crescentes ofensivas golpistas.

“O governo foi vítima, assim como a democracia e a Republica foram vítimas do processo golpista, inaugurado no dia 30 de outubro de 2022, com o não reconhecimento do resultado das eleições por parte dos derrotados, e culminou com a tentativa de golpe no 8 de janeiro”, argumentou.

“À essa estratégia golpista tiveram fases: a ocupação indevida de estradas, atentando contra o Estado Democrático de Direito; teve todo o Brasil assistindo estarrecido à ocupação da portaria dos quartéis, pedindo a usurpação do Estado Democrático de Direito; dois atentados em Brasília, um em 12 de dezembro que espalhou o terror pela capital da Republica no dia da diplomação do presidente e vice, e o outro em 24 de dezembro, véspera de natal, quando tentaram articular uma bomba contra o Aeroporto Internacional de Brasília”, enumerou o parlamentar.

Mudança de estratégia

Para Randolfe, o argumento da oposição de que o governo só passou a defender a CPMI após a divulgação de imagens de Gonçalves Dias, então ministro à frente do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), em meio aos vândalos no Palácio do Planalto, é descabido, pois os videos estariam a favor do governo.

“O que existe é a insistência de distorcer a verdade. Realmente vivemos num mundo meio descabido, em que aqueles que foram os algozes, os responsáveis pela tentativa de golpe, tentam responsabilizar a vítima.É como se o homicida buscasse responsabilizar pelo crime que cometeu aquele que foi executado”, comparou.

Por fim, ao ser questionado se o ex-presidente Jair Bolsonaro seria convocado para prestar esclarecimentos sobre sua conduta, Randolfe disse não querer “pessoalizar”. “Se as investigações levarem a quem quer que seja vamos trazer aqui, mas o que tem que ser esclarecido é o processo golpista.”

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