Congresso

CPI do MST tem briga até por minuto de silêncio

Deputados Talíria Petrone (PSol-RJ) e Éder Mauro (PL-PA) não se entendem sobre homenagem a camponeses mortos, em 2017, em fazenda na localidade paraense de Pau D'Arco. Para ela, "vítimas"; para ele, "bandidos"

Taísa Medeiros
postado em 25/05/2023 03:55
 (crédito:  Billy Boss/Agência Câmara)
(crédito: Billy Boss/Agência Câmara)

A CPI do Movimento dos Sem-Terra (MST) voltou a ser, nesta quarta-feira, palco para troca de agressões entre bolsonaristas e governistas. Dessa vez, a confusão foi entre os deputados Talíria Petrone (PSol-RJ) e Éder Mauro (PL-PA), notório por posições extremistas contra os partidos de esquerda e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O tumulto começou quando a parlamentar pediu um minuto de silêncio pelos seis anos do massacre de Pau D'Arco. O episódio foi em 2017, quando 10 trabalhadores rurais foram assassinados no município do sudeste paraense, em uma operação das polícias Militar e Civil sob a justificativa de que cumpriam mandado de reintegração da posse da fazenda Santa Lúcia.

"Em memória a todas as vítimas no campo, em especial às vítimas de Pau D'Arco", disse Talíria, sendo interrompida por uma questão de ordem pedida por Mauro. "O senhor não vai conceder um minuto de silêncio? Foram 10 vítimas. O parlamento brasileiro vai passar essa vergonha?"

O bolsonarista rebateu: "Discordo do minuto de silêncio, sou contra. Se derem o minuto de silêncio, vou ficar falando durante. Quando a polícia foi cumprir o mandado judicial de reintegração, foi recebida à bala. E os policiais reagiram. Eu vou dar um minuto para bandido? Nunca que vou dar um minuto!", gritou.

Apesar da reação do bolsonarista, Talíria e a deputada Sâmia Bonfim (PSol-SP) leram os nomes das vítimas da chacina. Enquanto o restante da bancada respondia "presente", o deputado chamava a cada um de "bandido".

Talíria, então, questionou se o presidente da CPI, deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), permitira a provocação. "O senhor está negando um minuto de silêncio. Isso é um desrespeito com as famílias das vítimas, com os trabalhadores do campo", argumentou.

Zucco respondeu que concederia o espaço para a homenagem se não fossem as objeções. E tentou compensar dando a Talíria um minuto para homenagear as vítimas.

"Como tínhamos parlamentares que não iam respeitar, a presidência passou a palavra para um deputado do governo, dando o referido minuto para que fizesse sua manifestação", explicou Zucco.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação