Ao discursar, nesta segunda-feira, na 76ª Assembleia da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra, na Suíça, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, alertou que os países precisam de sistemas de saúde mais preparados para lidar "com as emergências que virão" — tais como a pandemia da covid-19, que matou pouco mais de 702 mil pessoas no Brasil, e os impactos das mudanças climáticas. Ela também defendeu a cooperação em tecnologia entre os países e a descentralização da produção de insumos, como vacinas.
"É imperioso, neste momento, aprendermos lições de uma pandemia que deixou seis milhões de mortos, mais de 700 mil no Brasil, com grave impacto nos sistemas de saúde, na saúde mental, na economia e no tecido social. Precisaremos de sistemas nacionais de saúde mais preparados para as emergências que virão", salientou.
A afirmação de Nísia fez coro com a do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, que na abertura do evento — que é realizado anualmente e define as políticas a serem adotadas pelo órgão no ano seguinte — advertiu que as nações devem se preparar para a próxima pandemia.
A ministra salientou, ainda, que já se passou metade do tempo para que os países cumpram a agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2023 e que "estamos em um mundo em situação pior do que antes da pandemia da covid-19". Ela destacou, também, que a cooperação e descentralização da produção de medicamentos e vacinas é essencial para reduzir a desigualdade no acesso à saúde.
"Desigualdade faz mal à saúde", cobrou, aproveitando para reforçar o pedido para a criação de uma resolução, por parte da OMS, para a saúde dos povos indígenas.
No caso da relação do Brasil com o órgão das Nações Unidas, Nísia procurou traçar uma linha divisória entre o atual governo e o anterior — durante a presidência de Jair Bolsonaro, a OMS criticou a gestão do Ministério da Saúde, que manteve um relacionamento conflituoso com a organização.
"Quero também dizer que o Brasil está de volta, o que significa a retomada de nossa agenda em defesa da equidade em saúde, da cultura da paz e do multilateralismo, fundamentais neste tempo", afirmou a ministra.
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