RELAÇÕES BILATERAIS

Mauro Vieira e Lula embarcam para cúpula do G7 na quarta-feira (17/5)

Ministro das Relações Exteriores é um dos integrantes da comitiva do presidente Lula que participará, pela primeira vez desde 2009, como convidado da cúpula do G7. Chanceler brasileiro já realizou 55 encontros bilaterais com chanceleres de 54 países

Rosana Hessel
postado em 15/05/2023 20:43
 (crédito: Wilson Dias/Agência Brasil)
(crédito: Wilson Dias/Agência Brasil)

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, embarca com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na próxima quarta-feira (17/5), para participar do encontro de cúpula do G7 – grupo das sete economias mais industrializadas do planeta: Estados Unidos, Alemanha, Japão, França, Reino Unido, Itália e Canadá –, em Hiroshima, Japão, que ocorre entre os dias 20 e 21 deste mês. A previsão de chegada ao país asiático da comitiva presidencial, que ainda está sendo fechada, é na manhã de sexta-feira (19/5).

É a primeira vez que o Brasil volta a ser convidado para o encontro desde 2009. Durante os dois primeiros mandatos de Lula, o país participou das reuniões do G7 entre 2003 e 2009. O primeiro encontro bilateral do presidente brasileiro será um encontro com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, de  acordo com o Itamaraty.

A viagem mostra como a agenda do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está bastante agitada. Assessores do chanceler brasileiro já contabilizam 85 encontros bilaterais de alto nível desde o início do terceiro mandato do presidente Lula, e, acompanhando o chefe do Executivo, esse número passa de 100. A chancelaria contabilizou que o ministro realizou 55 encontros bilaterais com chanceleres de 54 países.

Para o encontro do G7, o presidente Lula pretende se opor às tentativas de endurecimento do tom contra a Rússia. A chancelaria negocia para que o texto conjunto que será assinado pelos países convidados para que a linguagem esteja em linha com o discurso do governo brasileiro, de acordo com o embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores.

"Como é uma declaração sobre segurança alimentar e há efeitos do conflito na Ucrânia sobre acesso a alimentos e nós sabemos disso, uma referência inicial deverá ser feita ao conflito na Ucrânia. E, naturalmente, o governo brasileiro negocia essa linguagem para que seja compatível com a linguagem que o Brasil tem usado sobre o tema, inclusive tem defendido na negociação de resoluções em diversas instâncias internacionais, como a própria ONU", disse Lyrio, nesta segunda-feira (15/5), ao apresentar a os primeiros detalhes da agenda de Lula no Japão. O documento dos países convidados é diferente do documento dos países membros do bloco.

A Rússia não faz mais parte do bloco que havia se tornado G8, mas que voltou à sua formação original, em 2014. O país governado por Vladimir Putin foi excluído do grupo após a invasão da Crimeia pelos russos. Além do Brasil, foram convidados os chefes de governo de Austrália, Índia, Indonésia, Coreia do Sul, Vietnã, Comores e Ilhas Cook.

De acordo com a chancelaria, o presidente brasileiro pretende levar sua proposta de mediação, por parte de países amigos, de um acordo de paz entre Ucrânia e Rússia, além de abordar a sustentabilidade, uma pauta da política externa brasileira, segundo o Itamaraty. Lula também tem cobrado, sempre que pode, da ajuda financeira de US$ 100 bilhões para proteção ambiental. 

Encontros bilaterais

A princípio, além de Kishida, Lula terá outros encontros bilaterais em paralelo à cúpula do G7. Ele terá sua primeira reunião bilateral com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e com o presidente da Indonésia, Joko Widodo.

A Índia preside o G20 – grupo das 19 maiores econômicas desenvolvidas e emergentes do planeta, mais a União Europeia – neste ano, e o Brasil assumirá o posto, em 2024. A cúpula do G20 no Brasil ocorrerá na segunda quinzena de novembro do próximo ano no Rio de Janeiro.

Lula pretende levar ao G7 sua proposta de mediação, por parte de países amigos, de um acordo de paz entre Ucrânia e Rússia, além de abordar a sustentabilidade, uma pauta da política externa brasileira. O presidente brasileiro tem cobrado reiteradamente a ajuda financeira para proteção ambiental de US$ 100 bilhões, uma promessa ainda não cumprida pelos países ricos.


Retomada da agenda regional

O governo brasileiro ainda pretende retomar a agenda voltada para o multilateralismo e de diálogo regional, tanto que, o fim deste mês, foram convidados os presidentes dos países da América do Sul para uma cúpula que será realizada no próximo dia 30, em Brasília. A expectativa é de que os líderes da região retomem o diálogo para aproximação e escolham um novo fórum de debates, como é o caso da Unasul, atualmente composta por sete dos 12 países sul-americanos.

Em agosto, o Brasil deverá realizar em Belém do Pará uma cúpula dos países amazônicos. De acordo com o Itamaraty, é esperada a confirmação da presença do presidente da França, Emmanuel Macron, pois o país europeu ainda tem uma colônia na região, a Guiana Francesa.


Acordo UE-Mercosul

O governo brasileiro, em parceria com os demais países do Mercosul, estão avaliando a carta lateral de meio ambiente do acordo de livre comércio União Europeia-Mercosul, cuja proposta ainda precisa ser aprovada pelos parlamentos dos países membros dos dois blocos.

De acordo com fontes do Itamaraty, essa carta adicional sobre meio ambiente, apresentada há um mês e meio, reabre condições mais duras para o Brasil, principalmente, porque é o único país amazônico do bloco sul-americano. “O governo ainda está avaliando os impactos do acordo negociado, mas, do jeito que estão as condições da carta lateral, será impossível chegar a um acordo”, disse uma fonte do governo.

Em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado, na semana passada, o ministro Mauro Vieira, chamou as exigências europeias de “leoninas”. “É impressionante, porque há cláusulas muito complexas. A questão da lei de desflorestamento na Europa é muito complexa, pode afetar as exportações com possibilidade, inclusive, de retaliações, sem uma entidade que julgue e determine. Quer dizer, quem é que vai determinar, a União Europeia? Não tem mais floresta para desmatar lá (deveriam ter preservado), mas as nossas estão, e nosso compromisso é preservá-las”, disse o ministro aos senadores.

 

 

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