Em depoimento na sede da Polícia Federal, ontem, em Brasília, o ex-ministro Anderson Torres negou ter interferido nas operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições de 2022. De acordo com informações obtidas pelo Correio, ele disse que não decidiu sobre as ações da corporação.
Torres ficou por cerca de três horas no prédio. Respondeu a todos os questionamentos, diferentemente do depoimento marcado em janeiro, quando decidiu ficar calado.
Ao negar interferência na PRF, ele argumentou que a direção da corporação tem autonomia para decidir sobre as ações de fiscalização.
A oitiva foi marcada para que Torres prestasse informações sobre blitzes que ocorreram nos estados do Nordeste em outubro do ano passado, quando milhões de eleitores saíram para votar. Na região, o PT tem hegemonia.
Ônibus, carros de passeio, motociclistas e outros tipos de veículos foram abordados, o que dificultou a chegada dos cidadãos às urnas.
A PF quer saber se as abordagens tiveram como objetivo impedir que os eleitores votassem, para reduzir as chances de vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva. À época, Torres era ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, candidato à reeleição.
Dias antes da votação, o então titular da pasta foi à Bahia e se encontrou com dirigentes da Polícia Federal no estado. Na justificativa oficial, alegou que o intuito da visita foi atuar para coibir crimes eleitorais.
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No entanto, investigadores suspeitam que ele tentou persuadir a superintendência da PF no estado para atuar junto à PRF e impedir o acesso dos eleitores às seções.
Nas apurações, a PF descobriu um documento de inteligência, produzido pelo ministério, com mapa detalhado dos locais onde Lula venceu no primeiro turno.
Também conforme as investigações, Torres solicitou ampliação de operações visando o transporte coletivo de eleitores. Na PF, o pedido dele teria sido ignorado, algo que não ocorreu na PRF.
O ex-ministro está preso no Batalhão da Polícia Militar no Guará desde 14 de janeiro. Ele é investigado por eventual omissão ou conivência com os atos golpistas de 8 de janeiro.
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