Em oitiva realizada na sede da Polícia Federal, em Brasília, na tarde desta segunda-feira (8/5), o ex-ministro Anderson Torres negou ter interferido nas operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições do ano passado. De acordo com informações obtidas em primeira mão pelo Correio, ele respondeu a todos os questionamentos e disse que não decidiu sobre as ações da corporação.
Torres chegou ao prédio por volta das 14h e ficou até as 17h. Ele respondeu aos questionamentos, diferentemente da oitiva marcada em janeiro, quando ele decidiu ficar calado. O depoimento foi marcado para que o ex-ministro prestasse informações sobre blitzes que ocorreram nos estados do Nordeste em outubro do ano passado, quando milhões de eleitores saíram para votar. O ex-ministro deixou o Batalhão de Aviação Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal (Bavop), onde está preso, e foi até o prédio da corporação para ser ouvido presencialmente.
A detenção ocorreu por conta de outra investigação, que apura a participação dele nos atentados que ocorreram no dia 8 de janeiro, quando extremistas invadiram as sedes dos Três Poderes. Após o depoimento, Torres retornou ao batalhão onde está preso, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante a oitiva, o ex-ministro afirmou que não interferiu na PRF e que a direção da entidade é dotada de autonomia para decidir sobre as ações de fiscalização.
No dia da votação do segundo turno das eleições, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Jair Bolsonaro disputavam eleições, a PRF realizou diversas operações em estados. Ônibus, carros de passeio, motociclistas e outros tipos de veículos foram abordados, o que dificultou a chegada dos eleitores até às urnas. As ações se concentraram em estados do Nordeste, onde o PT tradicionalmente tem mais votos.
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A PF quer saber se as abordagens tiveram como objetivo impedir que os eleitores votassem, reduzir as chances de vitória de Lula, interferindo no resultado do pleito. À época, Torres era ministro do governo de Jair Bolsonaro. Dias antes da votação, em outubro, ele foi pessoalmente até a Bahia e se encontrou com dirigentes da Polícia Federal no estado.
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