LONDRES

Equipe de Lula submete jornalistas a uma rigorosa revista para evitar "infiltrados"

A tensão era tamanha, que os repórteres tiveram de guardar as garrafas de água dentro das mochilas. Apenas instrumentos de trabalho poderiam ficar à vista de pelo menos oito policiais federais

Vicente Nunes - Correspondente
postado em 06/05/2023 17:49 / atualizado em 06/05/2023 19:45
Lula durante passagem pela Europa: preocupação com segurança após protestos -  (crédito: Patrícia de Melo Moreira/ AFP)
Lula durante passagem pela Europa: preocupação com segurança após protestos - (crédito: Patrícia de Melo Moreira/ AFP)

Londres — A equipe de segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva submeteu jornalistas credenciados pela Secretaria de Comunicação Social e pelo Itamaraty a um rigoroso processo de revista. Os profissionais tiveram de aguardar no hall de entrada de uma das alas do hotel no qual o líder brasileiro estava hospedado — ele já embarcou de volta para o Brasil — e só depois de toda averiguação, levados em grupos para a sala de conferência onde ocorreu uma entrevista coletiva.

O grande temor na equipe de Lula era de que bolsonaristas infiltrados impusessem constrangimentos ao presidente. A tensão era tamanha, que os repórteres tiveram de guardar as garrafas de água que portavam dentro das mochilas. Apenas instrumentos de trabalho poderiam ficar à vista de pelo menos oito policiais federais. Jornalistas que chegaram por volta das 16h (local), horário marcado para a entrevista, foram impedidos de entrar.

Lula teve de enfrentar um grupo de opositores na entrada da residência oficial do primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, na sexta-feira (05/05). Da porta do número 10 da Downing Street era possível ouvir impropérios contra o presidente. O governo britânico, no entanto, viu com muitos bons olhos a presença de Lula em Londres tanto para uma reunião bilateral com Sunak quanto para a coroação do rei Charles III. O petista, segundo interlocutores, teria apagado a péssima imagem que seu antecessor, Jair Bolsonaro, havia deixado no país, ao promover um vexame durante o velório da rainha Elizabeth II em setembro do ano passado.

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