Londres

Lula diz que R$ 500 milhões ofertados pelo governo britânico a Fundo da Amazônia são insuficientes

Lula afirmou que, no primeiro encontro com Sunak, não poderia pedir uma determinada quantia para o Fundo da Amazônia

Vicente Nunes - Correspondente
postado em 06/05/2023 14:51 / atualizado em 06/05/2023 15:50
 (crédito: Kin CHEUNG / POOL / AFP)
(crédito: Kin CHEUNG / POOL / AFP)

Londres — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o valor de 80 milhões de libras, equivalentes a R$ 500 milhões, que o governo do Reino Unido prometeu destinar ao Fundo da Amazônia “não é suficiente”. Ao falar sobre o assunto, ressaltou, num primeiro momento, não saber a quantia prometida pelo primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, com o qual havia se reunido um dia antes.

Mas, questionado pelo Correio de que a Embaixada do Reino Unido no Brasil havia confirmado as verbas disponibilizadas, admitiu que esperava mais. “A minha expectativa era de que o valor fosse, no mínimo, igual ao prometido pelos Estados Unidos, de US$ 500 milhões (R$ 2,6 bilhões)”, destacou.

Lula afirmou que, no primeiro encontro com Sunak, não poderia pedir uma determinada quantia para o Fundo da Amazônia. “Não posso ir a uma reunião e dizer que quero R$ 10, R$ 20. Isso não cabe a mim”, frisou. Segundo ele, o que importa, é que os países ricos, que têm feito reiteradas promessas de desembolsos às nações mais pobres para preservarem suas florestas, cumpram os acordos.

“Eu quero que cumpram a promessa de darem US$ 100 bilhões (R$ 510 bilhões) aos países que ainda têm florestas. Por isso, vou a COP nos Emirados Árabes. Vou cobrar essa promessa, como fiz no Egito, e cobrar uma nova governança global”, acrescentou.

Segundo o líder brasileiro, desde que ele assumiu o governo, em janeiro último, o Fundo da Amazônia foi retomado e seus projetos vem sendo executados. Originalmente, o mecanismo, que prevê a preservação da maior floresta tropical do mundo, recebia recursos da Alemanha e da Noruega.

Os desembolsos desses países, contudo, foram suspensos no governo de Jair Bolsonaro, devido ao favorecimento a desmatadores. “O presidente não executava”, assinalou Lula. Agora, não só alemães e noruegueses voltaram a contribuir com o fundo, como outros países decidiram fazer aportes. No caso dos EUA, há necessidade de os US$ 500 milhões prometidos serem aprovados pelo Congresso norte-americano.

Rei pede proteção

Além da promessa do governo britânico de apoio ao Fundo da Amazônia, Lula disse que recebeu um pedido direto do rei Charles III, coroado ontem. Na véspera, o presidente participou de um encontro com o monarca, do qual participaram pouquíssimos chefes de Estado. “O rei me pediu: proteja a Amazônia. Eu eu respondi que preciso de ajuda, porque é impossível fazer isso sozinho”, contou.

Ele destacou que ainda neste ano todos os países que detêm territórios de florestas amazônicas vão se reunir para definirem conjuntamente formas de manterem a vegetação de pé. Esse grupo deverá contar com a França, que mantém domínio sobre a Guiana Francesa.

O petista afirmou, ainda, que está negociando para que a COP30 seja realizada em um estado da Amazônia, a fim de que todos os participantes possam ver de perto a realidade local. A perspectiva é de que o encontro ocorra no Pará. “É importante que todos conheçam a Amazônia, se hospedem por lá, fiquem até em barcos, se quiserem”, destacou.

Na avaliação do presidente, é vital encontrar uma alternativa para o desenvolvimento econômico da região, com seus 25 milhões de habitantes. “Há muitas oportunidades para o desenvolvimento de uma indústria verde, de fármacos, de cosméticos, que gere empregos e renda. Essas pessoas precisam trabalhar”, ressaltou, reforçando que não abrirá mão do compromisso assumido de zerar o desmatamento da Amazônia até 2030.

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