O ex-major do Exército Ailton Barros trocou mensagens com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e braço direito de Jair Bolsonaro, sobre um plano de golpe de Estado que, em seguida, teria como desdobramento a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A troca de mensagens ocorreu no dia 15 de dezembro do ano passado e já estão em posse da Polícia Federal. A emissora CNN Brasil teve acesso ao conteúdo, onde Ailton aborda o “conceito da operação”. A estratégia envolvia um pronunciamento do então comandante do Exército, Freire Gomes, ou de Bolsonaro, na época presidente da República.
“É o seguinte, entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes para que ele faça o que tem que fazer”, disse Ailton.
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“Até amanhã à tarde, ele aderindo… bem, ele que faça um pronunciamento, então, se posicionando dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Eu não preciso falar. Está abalada em todo o Brasil”, completa.
Barros reforça que Gomes ou Bolsonaro se pronunciem, destacando “de preferência, Freire Gomes. Aí, vai ser tudo dentro das quatro linhas”. Para ele, era necessário que isso ocorresse até o dia seguinte, no dia 16 de dezembro, à tarde, com “todos os atos, todos os decretos da ordem de operações” prontos.
“Pô [sic], não é difícil. O outro lado tem a caneta, nós temos a caneta e a força. Braço forte, mão amiga. Qual é o problema, entendeu? Quem está jogando fora das quatro linhas? Somos nós? Não somos nós. Então nós vamos ficar dentro das quatro linhas a tal ponto ou linha? Mas agora nós estamos o quê? Fadados a nem mais lançar. Vamos dar de passagem perdida?”, indaga.
Ailton não descarta, ainda, que “se fosse preciso, vai ser fora das quatro linhas”. “Nos decretos e nas portarias que tiverem que ser assinadas, tem que ser dada a missão ao comandante da brigada de operações especiais de Goiânia de prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele”.
O objetivo era que, na segunda-feira, 19 de dezembro, fossem lidas as portarias, decretos de garantia da Lei e da Ordem e “botar [sic] as Forças Armadas, cujo Comandante Supremo é o presidente da República, pra agir”. A emissora não teve acesso às respostas de Mauro Cid à Ailton Barros.
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