Relações Exteriores

Embaixadora dos EUA na ONU visita abrigo para refugiados em Brasília

Em entrevista exclusiva ao Correio, Linda Thomas-Greenfield relatou que a visita dela reforça a relação entre os dois países. Durante três dias no Brasil, a embaixadora reuniu-se com membros da cúpula do governo para debater temas internacionais

Victor Correia
postado em 04/05/2023 16:15 / atualizado em 04/05/2023 16:20
Embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, em visita ao abrigo Aldeias Infantis SOS em Brasília 4/5 -  (crédito: Victor Correia/CB/D.A. Press)
Embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, em visita ao abrigo Aldeias Infantis SOS em Brasília 4/5 - (crédito: Victor Correia/CB/D.A. Press)

A embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), Linda Thomas-Greenfield, finalizou nesta quinta-feira (4/5) sua agenda no Brasil com uma visita à sede da Aldeias Infantis SOS em Brasília, na Asa Norte, uma entidade que atende famílias e crianças em situação de vulnerabilidade, incluindo refugiados venezuelanos. Nos últimos três dias, a embaixadora teve uma série de reuniões com a cúpula do governo brasileiro e anunciou a retomada do acordo de cooperação bilateral para combater o racismo.

Em entrevista exclusiva ao Correio, a embaixadora relatou a viagem e disse que sua visita reforça a relação entre Brasil e Estados Unidos. Thomas-Greenfield chegou ao país na terça-feira (2) e, desde então, reuniu-se com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, com o assessor para assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, e com a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja.

“Nós conversamos sobre muitas das questões que temos em comum. Somos as duas maiores democracias nesta região, e temos em comum a nossa diversidade”, contou a embaixadora. “O presidente Lula e o presidente [Joe] Biden conversaram muito sobre o que podemos fazer juntos para trabalhar questões como a igualdade racial e inclusão. E sobre o que podemos fazer em relação às mudanças climáticas”, acrescentou.

Thomas-Greenfield citou o anúncio feito por Biden sobre a doação de US$ 500 milhões para o Fundo Amazônia, que ainda deve passar pela aprovação do Congresso norte-americano, como uma das medidas direcionadas ao meio ambiente.

  • Embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, em visita ao abrigo Aldeias Infantis SOS em Brasília 4/5 Victor Correia/CB/D.A. Press
  • Embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, em visita ao abrigo Aldeias Infantis SOS em Brasília 4/5 Victor Correia/CB/D.A. Press
  • Embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, em visita ao abrigo Aldeias Infantis SOS em Brasília 4/5 Victor Correia/CB/D.A. Press
  • Embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, em visita ao abrigo Aldeias Infantis SOS em Brasília 4/5 Victor Correia/CB/D.A. Press
  • Embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, em visita ao abrigo Aldeias Infantis SOS em Brasília 4/5 Victor Correia/CB/D.A. Press

Reuniões com ministros

A primeira agenda da embaixadora dos EUA foi com Mauro Vieira, na terça. Segundo o porta-voz da Missão dos Estados Unidos na ONU, Nate Evans, ambos conversaram também sobre a cooperação para promover a democracia e os direitos humanos. Greenfield destacou ainda os laços econômicos, que geram “empregos dignos e bem remunerados” nos dois países, de acordo com o porta-voz.

A embaixadora tratou da segurança regional, citando os casos no Haiti e na Venezuela. As autoridades também falaram sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, após declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terem causado mal-estar com os norte-americanos, embora o petista tenha se retratado e condenado a invasão territorial da Ucrânia durante sua viagem à Europa. De acordo com o porta-voz, os dois lados trataram da perspectiva de paz segundo os princípios da carta da ONU, que inclui soberania e integridade territorial.

Na quarta (3), a diplomata esteve em Salvador, onde anunciou, ao lado da ministra Anielle Franco, a retomada do Plano de Ação Conjunta para Eliminar a Discriminação Racial, o Japer, na sigla em inglês. À reportagem, Greenfield lembrou que o programa original foi assinado há 15 anos, e disse ser o momento de retomá-lo. “Estou muito feliz de ter essa experiência, e por visitar Salvador”, pontuou.

Hoje, a embaixadora esteve com Celso Amorim, com quem discutiu a importância de evoluir a missão e visão dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento, a próxima Cúpula dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de 2023 e o papel do Brasil como presidente do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, em 2024.

Brasil é "anfitrião extraordinário"

Greenfield visitou ainda o abrigo para famílias em vulnerabilidade ao lado do encarregado de negócios dos Estados Unidos no Brasil, Douglas Koneff, e foi acompanhada por uma equipe da embaixada norte-americana e da Agência da ONU para Refugiados (UNHCR, na sigla em inglês), bem como por jornalistas de veículos internacionais.

“Isso é algo que eu faço em todas as minhas visitas ao exterior onde há programas de refugiados”, comentou a embaixadora sobre a agenda. “Acima de tudo, para agradecer ao Brasil por ser um anfitrião extraordinário para 400 mil refugiados venezuelanos, dando status a 200 mil deles aqui. Reconhecendo o trauma que eles estão vivendo ao vir para o Brasil, e vendo esse programa que está apoiando mulheres e crianças vulneráveis”, completou.

Lideranças do abrigo apresentaram o projeto e a estrutura do local à embaixadora. Um grupo de refugiados atendido pela instituição fez uma breve apresentação, com músicas populares do país. Entre elas, Venezuela, chamada de “o terceiro hino” do país.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação