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Lula promete a Fernández fazer ponte entre Argentina e o FMI

Lula promete a Fernández fazer uma ponte entre o país vizinho e o FMI para que dê alguma espécie de alívio, além de intervir junto ao banco do BRICS (que teria de mudar estatuto) para viabilizar garantias

Henrique Lessa
postado em 03/05/2023 03:55
 (crédito: Joe?dson Alves/Agência Brasil)
(crédito: Joe?dson Alves/Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio da Silva assegurou ao colega argentino, Alberto Fernández, depois de reunião no Palácio da Alvorada, não poupar esforços para ajudar o país vizinho a sair da grave crise econômica em que se encontra. Além de intervir para que o banco do BRICS (bloco formado por Brasil, Rússsia, Índia, China e África do Sul) tenha algum dispositivo para auxiliar financeiramente a Argentina, ele prometeu tratar com os dirigentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) para que proponham uma solução para "tirar a faca do pescoço" do país.

"Pretendo conversar, por meio do meu ministro da Fazenda (Fernando Haddad), com o FMI para tirar a faca do pescoço da Argentina. O FMI sabe como a Argentina se endividou, para quem emprestou o dinheiro. Portanto, não pode ficar pressionando um país que só quer crescer, gerar empregos e melhorar a vida do povo", disse Lula.

O presidente brasileiro acrescentou: "Me comprometi com meu amigo Alberto Fernández que vou fazer todo e qualquer sacrifício para que a gente possa ajudar a Argentina neste momento difícil. Nós já conversamos com os BRICS para que possamos ajudar".

A visita de Fernández ocorre no momento em que a Argentina enfrenta uma inflação superior a 100% ao ano, além da escassez de dólares, que tem dificultado a importação de produtos pelos argentinos. Para piorar, o país enfrenta a pior seca dos últimos 60 anos.

Segurança

A reunião no Alvorada durou quase quatro horas e as equipes econômicas brasileira e argentina discutiram as garantias do país vizinho para os empréstimos aos exportadores brasileiros. Lula indicou a forma de assegurá-las poderia vir do Novo Banco de Desenvolvimento — o banco do BRICS —, mas isso depende de uma mudança no estatuto da instituição para permitir auxílio a um país não sócio do bloco.

"A presidente Dilma nos disse que, pela regulação do banco, eles não podem ajudar um país que não é sócio. Não queremos que emprestem dinheiro para a Argentina, queremos que nos deem garantias, que, aí, facilita muito a relação do Brasil com a Argentina", salientou Lula. A reunião no Alvorada contou com a participação, também, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Mais de 200 empresas brasileiras exportam produtos para a Argentina — principal parceiro comercial na região —, em especial produtos do setor industrial, de maior valor agregado. Sem mecanismos que facilitem essas exportações para o vizinho, o Brasil perdeu espaço na balança comercial do vizinho. No ano passado, as exportações totalizaram US$ 15,3 bilhões, enquanto que, uma década antes, o valor exportado chegava a quase US$ 20 bilhões.

"Eu comemoro a posição do governo brasileiro a respeito da Argentina e do FMI. Como vocês sabem, estamos negociando com o fundo o programa que nos comprometemos. As condições (do acordo) mudaram, não apenas por conta da guerra, mas também por causa da seca. Valorizo o apoio que o presidente Lula nos deu, como país e como governo. Nos pediram para que fizéssemos alguns deveres de casa, que fizemos, que têrm a ver com as garantias fiduciárias para que o Brasil possa fazer esses empréstimos", assegurou Fernández.

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