A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) enviou, entre o dia 6 e 8 de janeiro, diversos alertas ao então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, e ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), já sob o comando de Flávio Dino, sobre possíveis ataques e invasões a prédios públicos.
A informação é do jornal Folha de S. Paulo, que teve acesso a diversos documentos sigilosos enviados pela Abin à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional no dia 20 de janeiro. A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal foi um dos outros 13 órgãos que receberam os informes.
O relatório é composto de mensagens de WhatsApp, de grupos e entre indivíduos, entre os dias 2 e 8 de janeiro. Desde o início do período, a Diretoria de Inteligência do MJSP recebeu os avisos. Já a partir do dia 6, a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) passaram a ser atualizados sobre a situação, já com a menção de que a manifestação dos bolsonaristas poderia se tornar violenta.
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Segundo a Abin, Gonçalves Dias recebeu pelo menos três alertas no próprio celular. A primeira, enviada às 19h40 do dia 6, adiantava haver “o risco de ações violentas contra edifícios públicos e autoridades”, além de uma intenção de invadir o Congresso Nacional e de pessoas potencialmente estarem armadas.
“A perspectiva de adesão às manifestações contra o resultado da eleição convocadas para Brasília para os dias 7, 8 e 9 de janeiro de 2023 permanece baixa. Contudo, há risco de ações violentas contra edifícios públicos e autoridades”, dizia a mensagem enviada a G.Dias. “Destaca-se a convocação por parte de organizadores de caravanas para o deslocamento de manifestantes com acesso a armas e a intenção manifesta de invadir o Congresso Nacional. Outros edifícios da Esplanada dos Ministérios poderiam ser alvo das ações violentas.”
Outro comunicado foi enviado a Dias e a Dino, às 10h30 do dia 7, indicando a chegada de 18 ônibus no acampamento em frente ao Quartel General (QG) do Exército, na capital federal, com a intenção de “participar das manifestações”.
Um alerta chegou a afirmar que “caminhões-tanque que transportam combustível não acessam a distribuidora de combustíveis anexa à refinaria (REVAP) de São José dos Campos - SP. (...) Há presença de manifestantes autointitulados ‘patriotas’ no local”.