O presidente também voltou a defender a reforma do Conselho de Segurança (CS) da ONU, e dessa vez acusou seus membros permanentes de ser "os maiores produtores de armas" do mundo.
O Conselho é composto por 15 membros, sendo 5 membros permanentes com poder de veto: Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China. Os demais dez membros são eleitos pela Assembleia Geral para mandatos de dois anos.
"Não adianta ficar dizendo quem está certo e quem está errado; é preciso fazer a guerra parar. É assim nesta guerra e sempre foi. Os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU são os maiores produtores de armas do mundo", disse.
Lula também disse entender a preocupação da Europa, mas que esta é "diferente da do Brasil".
"A preocupação da Europa é diferente da do Brasil. E por isso que eu tenho a comodidade (para falar em paz). Todos nós somos contra a guerra, mas a guerra já começou. Espero que a gente possa concluir esta paz. E vamos continuar trabalhando. O Brasil não quer entrar na guerra. O Brasil quer ajudar. Essa é a condição do Brasil", afirmou.
Questionado por um jornalista espanhol se acredita que Crimeia e Donbas são territórios ucranianos ou russos, Lula se esquivou, dizendo que "acho que, quando sentar na mesa de negociação, pode discutir qualquer coisa. Até a Crimeia. Mas não sou eu que vou discutir. Quem tem que discutir isso são os russos e ucranianos. Primeiro para a guerra, depois vamos conversar. O dado concreto é que o povo está morrendo".
A Crimeia foi anexada pela Rússia após guerra com a Ucrânia em 2014. Já Donbas teve a maior parte de seu território ocupada pelos russos desde a invasão no ano passado.
Zelenski exige que os dois territórios sejam desocupados para iniciar quaisquer negociações de paz. Segundo Lula, se a paz não for alcançada o mais rapidamente possível, a guerra vai demorar para ter fim.
"E não sei o que pode acontecer com o prolongar dessa guerra. Pode acontecer tudo, até uma desgraça maior", disse.
Lula se encontrou com o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, na manhã desta quarta-feira (26/4) no Palácio de Moncloa, onde assinou memorandos de entendimento e uma carta de intenções.
Na sequência, ele seguiu para um almoço com o rei espanhol Felipe 6º. Seu retorno ao Brasil está previsto para a tarde desta quarta-feira.