Líder do governo no Congresso Nacional, o senador Jaques Wagner (PT-BA) disse que é "desinteressante" criar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para investigar os ataques de 8 de janeiro. Ele afirmou também, nesta quarta-feira (26/4), na entrada da sessão em que foi feita a leitura para a instalação da CPMI dos atos golpistas, que o governo não tem estratégia já que a apuração do ocorrido está sendo feita pela Polícia Federal e pelo Judiciário.
“Eu só não gosto da CPMI porque a gente vai despender uma energia que já foi muito bem gasta por Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário. Nós vamos atrás do que já está na rua, já tem gente presa, já tem gente que virou réu. A gente vai chamar quem aqui? Quem pagou ônibus, quem participou dos atos de 8 de janeiro, eu não participei do 8 de janeiro, nem ninguém do governo atual. Se alguém felicitou na entrada no Palácio do Planalto, é gente remanescente do governo passado", argumentou o líder do governo no Congresso.
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Segundo o parlamentar, o governo não tem de montar nenhuma estratégia para se defender, apenas para agilizar as investigações e apontar os financiadores. “A CPMI não vai ajudar a esclarecer absolutamente nada, a não ser alguns que querem criar uma narrativa kafkiana que a gente sabia antes da hora e não fez nada porque não interessava”, pontuou o senador fazendo alusão às obras do escritor tcheco Franz Kafka.
"Tiro no pé"
Já para o líder de oposição no Senado Federal, Rogério Marinho (PL-RN), o governo deve explicações quanto aos fatos.
“O governo certamente tem muito que esconder, passou quase três meses trabalhando muito para que não ocorresse a CPMI, passou a trabalhar pela CPMI quando as imagens foram vazadas. E as declarações são muito ruins para a democracia, de querer controlar, indicando presidente e relator, quando a tradição da Casa é que haja uma alternância até para que haja equilíbrio e isenção nas investigações”, apontou o senador da oposição.
Parlamentares dizem reservadamente que acreditam que, com a entrada em peso da situação no esforço da CPMI, a estratégia da oposição “será um tiro no pé”. No momento, um dos nomes citados como favoritos para assumir a relatoria da comissão é o do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), enquanto a presidência ficaria para um deputado indicado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).