Madri — A polêmica provocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao dizer que tanto a Ucrânia quanto a Rússia são culpadas pela guerra que travam há mais de um ano desembarcou no Palácio Moncloa, sede do governo da Espanha. A ponto de o primeiro-ministro do país europeu, Pedro Sánchez, que recebeu o brasileiro para uma conversa de mais de uma hora, ser obrigado a se posicionar sobre o assunto. Ao mesmo tempo em que afirmou que Brasil e Espanha têm a mesma posição sobre o conflito, enfatizou que, na guerra existe um agressor e um agredido. “Sabemos que, nessa guerra, existe um agressor e um agredido. O agressor é (Vladimir) Putin e o agredido é o povo (ucraniano) que busca lutar por sua liberdade e soberania nacional”, frisou Sánchez.
Na avaliação do líder espanhol, a Ucrânia teve o território invadido pela Rússia, num claro desrespeito ao direito internacional e à carta da Organização das Nações Unidas (ONU). “A retirada das tropas russas de território ucraniano é inegociável”, reforçou. A União Europeia, que Lula acusou de, ao lado dos Estados Unidos, estimular a guerra, já destinou mais de 1,5 bilhão de euros (R$ 9 bilhões) em ajuda ao governo ucraniano para se defender dos ataques russos. Em recente visita ao Brasil, o chanceler da Alemanha, Olaf Sholz, pediu a Lula que vendesse mísseis para a Ucrânia, mas ele recusou. “O Brasil não vai entrar na guerra”, disse.
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Num gesto diplomático, Sánchez destacou que está feliz por ver o Brasil de volta ao debate internacional, participando das principais conversas globais. “O Brasil é uma potência. Infelizmente, era uma voz que não ouvíamos há alguns anos. O comprometimento do Brasil em relação a assuntos globais é muito bem-vindo”, assinalou. O espanhol destacou ainda que, se todos querem uma paz justa e duradoura, é essencial que a voz do país agredido, neste caso a Ucrânia, seja considerada.