Lisboa — O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, deixou o sotaque português de lado para, em brasileiro, como disse, se dirigir a Chico Buarque de Holanda, ao qual entregou o Prêmio Camões, com quatro anos de atraso. “Meu caro amigo, me perdoe, por favor, pela demora”, afirmou, parodiando uma letra do compositor.
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A premiação foi anunciada em 2019, mas o então presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, se recusou a assiná-la. Foi a forma que encontrou para reforçar que havia elegido a cultura e muitos artistas como inimigos. Rebelo de Sousa também foi vítima do descaso de Bolsonaro. Em duas oportunidades que esteve no Brasil teve um almoço no Palácio do Planalto cancelado e, numa cerimônia do Sete de Setembro, acabou escanteado, sendo afastado do ex-presidente para dar lugar a um empresário amigo do governo.
O líder português comparou o Prêmio Camões de Chico ao Nobel de Literatura recebido pelo cantor Bob Dylan. Reconheceu o gigantismo dos dois, mas ressaltou que a obra do brasileiro é mais vasta, pois vai das músicas ao teatro e à literatura. Ele disse ainda que, apesar de a entrega da honraria ao artista ocorrer somente em 2023, ninguém, no futuro, se preocupará com datas, pois Chico, em seus 60 anos de carreira, é merecedor de prêmios todos os anos.