Jornal Correio Braziliense

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Lula se compromete a fechar acordo entre o Mercosul e a União Europeia

Presidente brasileiro diz que faltam pequenos ajustes para que a parceria entre os dois blocos seja, finalmente, efetivada. Petista e o primeiro-ministro condenam, em documento, invasão da Ucrânia pela Rússia

Lisboa — O Brasil fará todo o esforço possível para que o acordo comercial entre o Mercosul — que, além do país, inclui Argentina, Paraguai e Uruguai — seja assinado ainda neste ano. “No que depender de mim, vamos ter esse acordo. Falta fazer apenas alguns pequenos ajustes”, afirmou. A parceria entre os dois blocos avançou muito no governo de Jair Bolsonaro, depois de 20 anos, mas nada foi assinado. Há resistências dos dois lados, especialmente no setor agrícola. Entre os países europeus, Portugal e Espanha são os maiores interessados no acordo. Também serão priorizados, segundo o presidente, o entendimento entre a Comunidade dos Países Latino-Americanos (Celac) e a consolidação de um bloco na América do Sul.

O compromisso de Lula, assumido junto ao primeiro-ministro português, António Costa, veio acompanhado de 13 acordos firmados entre o Brasil e o país luso. Os memorandos de entendimento envolvem reconhecimento das notas de estudantes brasileiros e portugueses do ensino médio e fundamental e parcerias nas áreas de saúde, reconhecimento das carteiras de motoristas em ambos os territórios, meio ambiente, direitos humanos, turismo e comercial. “São avanços importantíssimos, que tem a ver com pessoas, com a comunidade brasileira que vive em Portugal e com a de portugueses que moram no Brasil”, destacou Costa.

Ucrânia

Todas as negociações se deram no âmbito da 13ª reunião de cúpula luso-brasileira, que divulgou um documento com 93 pontos, incluindo um posicionamento sobre a Ucrânia. Lula e Costa assinalaram, na declaração conjunta, que “deploram a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e a anexação de partes de seu território como violação do direito internacional”. Antes de embarcar para Portugal, na quinta-feira (20-04), o presidente brasileiro vinha “apanhando” depois de dizer que tanto a Ucrânia quanto a Rússia são culpadas pela guerra que travam há mais de um ano. Foi uma forma de tentar negar o que disse.

Para Costa, é preciso celebrar a retomada das relações entre Brasil e Portugal. “Para resumir o que ocorreu nos últimos quatro anos, só agora vamos entregar o Prêmio Camões concedido ao cantor Chico Buarque em 2019”, afirmou. Nesse período, o governo brasileiro estava nas mãos de Jair Bolsonaro, que não demonstrava o menor interesse em se aproximar do país europeu. “A atual Cimeira Luso-Brasileira está ocorrendo sete anos depois da última. Agora, o nosso compromisso é de que os encontros se deem a cada dois anos”, assinalou.

Comércio

O primeiro-ministro português destacou ainda a forte presença das empresas portuguesas no Brasil. Ele citou, especificamente, os casos da petroleira Galp e da EDP, de energia elétrica, que estão investindo 5,7 bilhões de euros (R$ 32 bilhões) no país. “A EDP vem desenvolvendo, no Ceará, um projeto pioneiro de hidrogênio verde. É o primeiro da América Latina”, frisou. Segundo ele, a expectativa é de que esse hidrogênio verde seja exportado para a Europa por meio do Porto de Sines, em Portugal.

Nesse contexto econômico, o político português ressaltou a parceria entre a brasileira Embraer e a portuguesa Ogma, que, em Portugal, vão fabricar e fazer a manutenção dos avisões de defesa Super Tucanos, já seguindo os parâmetros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Além disso, Portugal comprou o cargueiro KC-390, também fabricado pela Embraer. “Por sinal, eu e o presidente Lula vamos fazer a primeira viagem nesse avião na segunda-feira (24-04) para encontrar empresários no Porto”, contou.