Jornal Correio Braziliense

Ministério da Defesa

Múcio afirma ser contra extinção do GSI e defende presença de militares

"O que é preciso é apaziguar a situação. Temos de olhar para frente", enfatizou. Na visão de Monteiro, o GSI pode até mudar de nome, mas não ser extinto

Lisboa — Apesar da grave crise aberta no governo por causa da demissão do general Gonçalves Dias do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) depois que vídeos o mostraram no Palácio do Planalto em meio aos terroristas que depredaram o prédio em 8 de janeiro, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse que não se deve extinguir nem mudar a atual estrutura do órgão, composto por civis e militares.

“O que é preciso é apaziguar a situação. Temos de olhar para frente”, enfatizou. Na visão de Monteiro, o GSI pode até mudar de nome, mas não ser extinto. “Pode ter até outra sigla, mas é um instrumento necessário, de trabalho, de apoio ao presidente da República”, acrescentou.

O ministro admitiu que a situação atual é muito incômoda. “Esse incômodo vem desde 8 de janeiro, mas, agora, não dá mais para continuar”, disse. Ele contou que conversou com o general nesta sexta-feira (21-04) e frisou esperar que tudo “termine em bom termo”. Assinalou ainda que Gonçalves Dias não voltará ao governo depois de concluídas as investigações e comprovada sua eventual inocência. “Ele quer paz”, frisou.

“O G. Dias é um homem de bem, sério, bem-intencionado, dos melhores amigos do presidente da República. Uma amizade construída em tempos de dificuldades, 20 anos”, ressaltou, lembrando que as Forças Armadas estão acompanhando com tudo o que se passa no GSI, “mas não se pode se meter nisso, já que não é da nossa roça”.

No entender do Monteiro, o Brasil precisa voltar seu olhar para temas prioritários. “Nós temos nossos grandes adversários, a miséria, os excluídos, o desemprego, 10 milhões de pessoas precisando trabalhar no Brasil, 30 milhões de brasileiros que não se alimentam direito. Temos um projeto de governo, tem que resolver isso, não é ficar pensando em eleição, em quem ganhou, em quem perdeu”, afirmou.

Apesar de a crise estar abatendo o governo, o ministro disse que ela faz parte da democracia. “Nos regimes totalitários não há crise, não tem o contraditório. Eu sou um democrata convicto. A gente tem que aprender a enfrentar as crises de forma positiva, conciliá-las, procurando as convergências. Temos nos apegado muito às divergências. Precisamos tocar o Brasil para frente “, assinalou.

Super Tucanos

Em relação à agenda em Portugal, Monteiro destacou os acordos que serão fechados pela Embraer envolvendo a fabricação de aviões de defesa Super Tucano em parceria com a portuguesa Ogma, já com parâmetros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), e a exportação dos cargueiros KC-390 para a União Europeia. “ O presidente quer incrementar a produção e os investimentos na indústria da defesa”, concluiu.