O vice-líder do governo no Congresso, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), afirmou que o Executivo montará um grupo experiente para integrar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas. A tropa de choque deve ser composta, por exemplo, por senadores que estiveram no comando da CPI da Covid.
"Estamos separando os melhores quadros para estar lá. No Senado, já temos Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues, Humberto Costa, Omar Aziz. Vamos preparar os melhores", frisou.
Segundo cálculos do parlamentar, dos 16 senadores que vão compor o grupo, pelo menos 11 são parte do bloco governista. "Na Câmara, a gente também tem números, porque tem blocos que são do governo e da oposição, mas, pelos nossos cálculos, vamos ter uma maioria governista de nove ou 10 deputados", estimou.
Farias ainda criticou o deputado federal André Fernandes (PL-CE), que protocolou o pedido da CPMI em janeiro. "Esse André Fernandes, estamos tomando medidas possíveis para que ele não participe da CPI, ou participe como investigado", disse. "Ele é investigado pelo STF, como vai ser presidente de uma comissão como essa?"
Fernandes foi incluído no inquérito que corre no Supremo por divulgar, com dois dias de antecedência, a manifestação que resultou nos ataques às sedes dos Três Poderes da República, bem como por ironizar a situação. Procurado pelo Correio, Fernandes não se manifestou até o fechamento desta edição.
Na avaliação de Farias, a comissão "vai ser um tiro no pé dos bolsonaristas". "Porque uma coisa eles não vão conseguir mudar com falsas narrativas: todos sabem que foram as bases bolsonaristas que atuaram naquele 8 de janeiro", argumentou.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) rebateu as declarações de Farias sobre o governo querer a presidência ou a relatoria da CPMI. "O governo tenta abafar o caso, empurra narrativas para justificar prisões e abusos. A última pessoa a ser presidente e relatora dessa CPMI deve ser uma governista", enfatizou.
Apoio
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou, ontem, que orientou os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE); do Senado, Jaques Wagner (PT-BA); e Congresso, Randolfe Rodrigues, a apoiar a criação da CPMI.
"Na nossa opinião, o vazamento das imagens cria uma nova situação política e, por conta disso, orientamos os líderes, no diálogo com os líderes dos partidos que compõem a base, a afirmar que, caso sessão do Congresso na próxima semana tenha a leitura da instalação da CPMI do 8 de janeiro, apoiaremos a instalação. Vamos orientar líderes a indicar membros", relatou a jornalistas no Palácio do Planalto.
Na opinião de Padilha, a instalação da comissão será uma "pá de cal" na tentativa de parlamentares da oposição de criar o que caracterizou de "teoria terraplanista" de que integrantes do atual governo estariam envolvidos nos atos.