O ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo Cappelli, disse, na tarde desta quinta-feira (20/4), que o órgão está trabalhando para levantar todas as informações a respeito da atuação de servidores do GSI no Palácio do Planalto no 8 de janeiro — data dos atos antidemocráticos que resultaram na depredação dos prédios dos Três Poderes.
Segundo Cappelli, todos os dados serão encaminhando ao Supremo Tribunal Federal (STF) para serem anexados no inquérito que investiga os participantes e financiadores dos ataques em Brasília. "A gente recebeu solicitação do ministro Alexandre de Moraes e vai cumprir, vai fazer a identificação e cumprir a determinação do Supremo Tribunal Federal", disse o interino em coletiva de imprensa.
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A declaração foi dada após reunião do ministro interino com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o comandante do Exército, general Tomás Paiva, em Brasília. Cappelli também informou que todos os passos acerca da investigação serão repassadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Vamos fazer tudo com muita tranquilidade, equilíbrio, firmeza, a gente está começando a levantar os dados. Então, a gente vai fazer uma avaliação, vai estudar e vai apresentar ao presidente, na volta da viagem, uma opinião, uma avaliação da situação e de rumo", afirmou.
Ministro-chefe flagrado
O general Marco Edson Gonçalves Dias pediu demissão do cargo de ministro-chefe do GSI, na tarde de ontem. GDias, como é conhecido, foi flagrado em gravações do circuito interno do Palácio do Planalto interagindo com os extremistas que invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes no 8 de janeiro.
O general decidiu se demitir após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista já havia sido aconselhado por aliados a exonerar Gonçalves Dias. Na manhã de ontem, a CNN divulgou gravações das câmeras de segurança do Palácio do Planalto, mostrando que o ex-ministro-chefe e outros oficiais do órgão estavam circulando pelo edifício em meio à invasão dos bolsonaristas.
Horas depois do escândalo, GDias informou que não iria ao depoimento marcado na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados. Ele prestaria esclarecimentos sobre as ações de sua pasta durante os atos antidemocráticos. Como justificativa, o ex-ministro apresentou um atestado médico e se colocou "à disposição para agendamentos futuros".
A Polícia Federal deve intimar o ex-GSI a depor nos próximos dias. A corporação investiga omissão de autoridades dentro de um inquérito aberto pelo STF. O relator do caso na Corte é o ministro Alexandre de Moraes.