Um dia depois da visita que o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, fez a Brasília, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, reforçou o convite para que Luiz Inácio Lula da Silva visite oficialmente seu país — invadido em fevereiro do ano passado pelas tropas de Vladimir Putin.
Após criticar as declarações do presidente brasileiro sobre a responsabilidade conjunta de Rússia e Ucrânia pela deflagração da guerra, o porta-voz da Chancelaria de Kiev, Oleg Nikolenko, reiterou o convite feito a Lula "para para compreender as verdadeiras causas e a natureza da agressão russa e as suas consequências para a segurança global".
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Em postagem na sua rede social, o porta-voz da diplomacia da Ucrânia escreveu que "observa com interesse os esforços do presidente do Brasil para por fim à guerra". Isso, porém, não o impediu de criticar a fala de Lula, que deu "o mesmo peso" para o "agredido e o agressor".
Em entrevista à GloboNews, o ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial do Palácio do Planalto para assuntos internacionais, disse que o governo brasileiro está disposto a "conversar com quem quer que seja". Mas levantou dúvidas sobre a intenção do convite dos ucranianos.
"Cada vez que surge um convite, não é um convite para conversar, é um convite para ir lá ver a guerra. Nós sabemos que a guerra é uma coisa terrível. Nós vimos a guerra do Vietnã, vimos as guerras no Afeganistão, a invasão do Iraque, vimos tudo isso. Não estou diminuindo a importância nem a tragédia do povo ucraniano. Os convites são sempre dessa forma. Não excluo que, se houver um convite desse tipo e, dependendo, obviamente, da decisão do presidente Lula — porque eu sou um assessor dele, não sou, sequer, ministro —, eu certamente consideraria (a possibilidade de visita)", afirmou.