Parlamentares de oposição se reuniram na manhã desta terça-feira (18/4), no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), para assinar um requerimento endereçado ao presidente do Congresso Nacional, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para manter sessão conjunta marcada inicialmente para a data de hoje, mas que foi adiada por Pacheco para a semana que vem.
Os integrantes da oposição querem a realização da sessão para que Pacheco faça, em Plenário, a leitura do requerimento de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do 8 de Janeiro.
Parlamentares do governo e da oposição, já admitem — com versões diferentes — que há um movimento de retirada de assinaturas na última hora, tanto por deputados, quanto por senadores. Até ontem à noite, o requerimento de CPMI do deputado André Fernandes (PL-CE) tinha a assinatura de 192 deputados e 37 senadores.
Além disso, os deputados oposicionistas se articulam para marcar presença na sessão e conseguir o quórum mínimo para a sua abertura
“Às 12hrs, TODOS parlamentares precisam estar aqui no plenário da Câmara dos Deputados para termos quórum suficiente pra abrir a sessão conjunta. De forma inédita, o registro de presença abrirá exatamente 12hrs e deve durar apenas meia hora”, acrescentou Fernandes.
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O adiamento da sessão favorece os planos do governo de desmobilizar a CPMI, como conseguiu fazer com o requerimento de CPI no Senado, da senadora Soraya Thronicke (União-MS). A justificativa para a não-realização da sessão conjunta foi a impossibilidade de apreciar o piso da enfermagem.
Segundo o líder do PT na Câmara, o deputado Zeca Dirceu (PR), muitos parlamentares estariam arrependidos de terem assinado.
“No governo não sei (se há ações para desmobilizar retirada de assinaturas), mas ouço deputados falando em tirar. Muitos se arrependem de ter assinado”, disse ao Correio.
O argumento principal dos governistas é de que as investigações sobre o caso já ocorrem no âmbito da Polícia Federal. Na manhã de hoje, inclusive, o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou a votação para trazer o caso dos atos golpistas do dia 8 para apreciação da Corte. A tendência é que o caso seja mesmo recebido pelo STF, alvo principal dos ataques de bolsonaristas radicais no último dia 8.
Além disso, deputados e senadores da base de Lula avaliam que a criação de uma CPI tornaria as investigações em um palco de guerra política e tiraria o foco das investigações. A oposição trabalha com a tese de que Lula e o ministro da Justiça, Flávio Dino, sabiam da probabilidade de ataques violentos, mas preferiram não agir para ganhar politicamente no pós-ataque.