Na declaração conjunta entre Brasil e China de comprometimento mundial com as mudanças climáticas, divulgada nesta sexta-feira (14/4), as duas nações lembram que os países desenvolvidos se comprometeram, no Acordo de Paris, a alimentar um fundo climático que deveria chegar a US$ 100 bilhões de dólares por ano, mas a meta não foi alcançada desde 2009. Essa é uma das principais reclamações e reivindicações dos países em desenvolvimento nas Conferências do Clima desde que foram retomados os encontros.
Por esse motivo, aproveitou-se a oportunidade para cobrar novamente o compromisso aos países desenvolvidos. “Considerando que a implementação de uma transição justa para uma economia de baixo carbono e resiliente ao clima nos países em desenvolvimento custará trilhões de dólares, continuamos muito preocupados com que o financiamento climático fornecido pelos países desenvolvidos continue a ficar aquém”, declararam.
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Desta vez, também foi solicitado que essas nações façam “um roteiro claro” sobre como vão duplicar o financiamento da adaptação, já que os valores econômicos se alteraram desde que o compromisso foi firmado.
“Exortamos os países desenvolvidos a honrarem suas obrigações não cumpridas de financiamento climático e a se comprometerem com sua nova meta quantificada coletiva, que vai muito além do limite de US$ 100 bilhões por ano, e fornecer um roteiro claro de duplicação do financiamento da adaptação. Tal provisão de meios de implementação para os países em desenvolvimento é a ambição climática que o mundo precisa para fortalecer a implementação da UNFCCC [Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas] e de seu Acordo de Paris”, complementaram os governos.
Histórico
A China é o país com maior registro de emissão de gases de efeito estufa do mundo, mas vem se mostrando interessada em compor a transição climática junto com outros países em desenvolvimento. Há dois anos, na COP26, o país não propôs nenhuma mudança em suas metas climáticas, mas anunciou uma união com os Estados Unidos para “intensificar as ambições climáticas”.
No ano passado, a China apresentou um plano para controlar o metano e se comprometeu a fomentar novas tecnologias e mecanismos de financiamento para diminuir as emissões de gases de efeito estufa.
Agora, com o Brasil, ela se comprometeu a ampliar, aprofundar e diversificar a cooperação bilateral nas questões climáticas, principalmente no que diz respeito à indústrias, infraestruturas, cidades verdes e energias renováveis. Ela também apoiou o país a sediar a 30ª Conferência do Clima (COP30).