O desembargador Marcelo Malucelli, que expediu uma ordem de prisão contra o advogado Rodrigo Tacla Duran, desafeto do senador Sergio Moro, é próximo do parlamentar. O juiz da segunda instância é recém-nomeado ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e pai do advogado João Eduardo Malucelli, sócio de Sergio Moro em um escritório de advocacia.
Conforme o colunista Lauro Jardim, do jornal Globo, João Eduardo integra a Wolff & Moro Sociedade de Advogados e é filho do desembargador. À reportagem, a assessoria de Sergio Moro informou que ele e a sua esposa, a deputada federal Rosângela Moro (União-SP) - também sócia do escritório -, estão "afastados das atividades do escritório desde o início do mandato parlamentar (em fevereiro), permanecendo no quadro social somente como associados".
Em suas redes sociais, Tacla Duran afirmou que o desembargador também é sogro da filha de Sergio Moro. "Além de sócio do casal Moro, João Malucelli também é genro deles. Ele tem um relacionamento com Julia Wolf, filha mais velha de Rosângela e Moro", escreveu.
Tacla Duran x Moro
No final de março, em uma audiência, Tacla Duran acusou o senador Sergio Moro e o deputado federal Deltan Dallangol (Pode-PR) de envolvimento em uma tentativa de extorsão para que não fosse preso durante a Operação Lava-Jato. Por decisão do então ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), o caso deve ser analisado somente pelo Supremo.
Duran é réu acusado de lavagem de dinheiro. Ele alega que foi "alvo" da operação por não ter aceitado ser "extorquido". De acordo com as denúncias de Duran, advogados ligados a Moro pediram US$ 5 milhões para que ele não fosse preso no âmbito da Operação Lava Jato.
Em 2019, em uma entrevista concedida ao UOL, Tacla Duran disse que pagou uma primeira parcela de US$ 612 mil a um advogado ligado a Sergio Moro - Marlus Arns, que havia trabalhado com Rosângela Moro, mulher de Sergio. O advogado alega que se recusou a pagar o restante.
Na época, Duran disse ter sido procurado por Carlos Zucolotto Júnior - que era sócio de Rosângela Moro - para pagar "por fora" e obter um acordo de delação premiada.
O advogado entregou à Justiça fotos e gravações que, supostamente, confirmariam suas acusações.
Devido ao "grande poderio político e econômico dos envolvidos", Tacla Duran foi encaminhado ao programa federal de testemunhas protegidas. Atualmente, ele vive na Espanha.
Tacla Duran era esperado pelo juiz federal Eduardo Appio, à frente dos processos remanescentes da Lava-Jato em Curitiba, para uma audiência nesta sexta-feira (14/4), no prédio da Justiça do Paraná, mas não deve comparecer.
Ao portal UOL, Duran afirmou que solicitou que uma nova data seja marcada. O advogado alega que se sente intimidado, principalmente pelo pedido do advogado Zucolotto Júnior de também participar da audiência.