Jornal Correio Braziliense

DIPLOMACIA

Política externa de Bolsonaro tinha atitudes infantis, diz chanceler

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, criticou as articulações do ex-presidente Bolsonaro com países ligados à esquerda

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que a política externa do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha atitudes "infantis" nas relações com outros países, principalmente com os de orientação ideológica distintas. A declaração foi dada na edição de março da revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

"Busquei retomar princípios caros à política externa brasileira que foram deixados de lado nos últimos anos. Esses fundamentos foram substituídos, na gestão anterior, por retórica agressiva e por atitudes até infantis em relação a países cujos governantes tinham orientação política e ideológica distinta à do governo anterior", disse o chefe do Itamaraty.

Nos últimos anos, o governo de Bolsonaro esfriou as relações com importantes parceiros, inclusive com a Argentina, comandada pelo presidente Alberto Fernandez. O vizinho sul-americano é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. O país ocupa a terceira posição no destino e origem das exportações e importações brasileiras.

A China, maior parceiro comercial do país, também foi alvo de "grosserias" da política externa de Bolsonaro. A gestão do Itamaraty pelo ex-ministro Ernesto Araújo, durante a pandemia de COVID-19, por exemplo, foi marcada por ataques à potência asiática.

Já nos primeiros meses de mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem se esforçado para estreitar os laços novamente. Na terça-feira (11/4) Lula embarca para cumprir agenda na China, onde deve se encontrar com o presidente Xi Jinping no dia 14. O diálogo com a Argentina também foi retomado já nos primeiros dias de governo.

Lula no G7

A articulação internacional de Lula rendeu ao Brasil um convite para a próxima reunião da cúpula do G7, o grupo das sete maiores economias industrializadas do mundo: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá. O convite foi feito pelo primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, na noite de quinta (6/4).

Essa é a primeira vez que o país é convidado para a reunião desde 2009. Segundo o Itamaraty, o Brasil foi convidado e participou de uma cúpula do G7 em 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009, sendo todas as participações durante o primeiro governo Lula. O encontro ocorre entre os dias 19 e 21 de maio, em Hiroshima.