Apenas um apoiador de Jair Bolsonaro (PL) marcava presença em frente à entrada principal da Polícia Federal (PF), no início da tarde desta tarde (5/4), para acompanhar o depoimento do ex-presidente da República no caso sobre as joias sauditas. O homem estava vestido com camisa verde e amarela, com o número 10, do jogador Neymar.
Questionado sobre por qual razão estava no local, o mineiro radicado em Brasília que preferiu não se identificar justificou sua ida a uma coincidência, "por estar nas proximidades", e creditou a ausência de entusiastas de Bolsonaro ao que chamou de "governo de ditadura".
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"Isso (depoimento) não vai dar em nada. É apenas o novo governo tentando armar para Bolsonaro e criar uma história, porque eles sabem que na verdade ninguém está mais suportando o que está acontecendo", defendeu, referindo-se à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Noite de violência
O cenário contrasta diretamente com uma das noites mais violentas que Brasília protagonizou em razão de disputas políticas nos últimos anos. Também nas proximidades da sede da PF, em dezembro de 2022, um grupo denso de bolsonaristas ateou fogo contra carros e promoveu horas de tensão em razão da prisão de Serere Xavante, que se intitulava líder indígena.
O homem foi preso por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, por acusação de uso de discurso de violência contra o presidente Lula, à época ainda não empossado.
O fato se deu no mesmo dia em que Lula e Geraldo Alckmin (PSB) foram diplomados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e aconteceu menos de um mês antes da tentativa de golpe de 8 de janeiro, nas sedes do STF, Congresso e Palácio do Planalto.
A reportagem passou, por volta das 14h, em frente ao prédio comercial onde está localizada a sede do PL, no Setor Hoteleiro Sul (SHS). Nas ruas adjacentes, era percebida apenas a movimentação cotidiana.
Com pessoas que trabalham nas proximidades, o Correio apurou que nas horas anteriores também não foi registrada a reunião de entusiastas de Bolsonaro no local.