O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse ver "múltiplos indícios" da atuação do ex-ministro Anderson Torres para influenciar o segundo turno das eleições de 2022. Dino, porém, destaca que aguarda o resultado das investigações da Polícia Federal que miram Torres, preso desde o dia 14 de janeiro por omissão frente aos ataques terroristas de 8 de janeiro, em Brasília.
"O que eu posso afirmar é que há múltiplos indícios da elaboração de relatórios, viagens, comandos... E temos um indício muito eloquente, que é o fato que ocorreu no dia 30 de outubro nessas ditas 'operações atípicas'", declarou o ministro em entrevista publicada no canal de Marco Antonio Villa, no YouTube, nesta terça-feira (4/4).
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"Fato de imensa gravidade", diz Dino
O ministro frisou, porém, que aguarda a conclusão dos inquéritos que investigam Torres por possível interferência no segundo turno. A Polícia Federal descobriu um documento, produzido pelo ex-secretário de Segurança do DF, contendo um mapa detalhado dos locais que deram vitória ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno.
Segundo a corporação, o objetivo da ação era impedir que eleitores de Lula chegassem até as urnas, por meio das operações deflagradas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia, mesmo com proibição da Justiça. A informação foi adiantada pelo jornal O Globo.
"Vamos aguardar o término das apurações da Polícia Federal, visto que, evidentemente, [o documento] constituiu um fato de imensa gravidade. Faço questão de, mais uma vez, sublinhar a imensa gravidade, porque isso significa um engendramento estatal, governamental, para tentar fraudar uma eleição", enfatizou Flávio Dino.
A Polícia Federal também apura se uma viagem feita por Torres à Bahia, em outubro do ano passado, foi utilizada para persuadir a superintendência da Polícia Federal no estado a agir, junto à PRF, para impedir a chegada de eleitores de Lula às urnas.