Documentos sigilosos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) afirmam que, na manhã dos ataques aos Três Poderes no 8 de janeiro, o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GS), Gonçalves Dias, recebeu o primeiro alerta para a iminência de violência na capital, às 8h53, no próprio celular.
O relatório, obtido pelo jornal Folha de S.Paulo, indica que G.Dias teria recebido uma mensagem informando que cerca de 100 ônibus haviam chegado em Brasília para “os atos previstos na Esplanada”. Este alerta foi exclusivo a ele, diferentemente de outros informes enviados desde o dia 6 a pelo menos 13 outros órgãos, incluindo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
Um segundo alerta foi enviado, às 9h, para a Diretoria de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), ao ex-ministro e a órgãos do DF, destacando o “incremento significativo no número de barracas” no acampamento em frente ao Quartel General do Exército. “Estacionamento da Catedral Rainha da Paz lotado, com manifestantes fazendo churrasco e acompanhando a missa na igreja”, informou a Abin.
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Às 10h, a agência enviou duas mensagens a todas as autoridades que acompanhavam o desenrolar dos fatos, reforçando que continuavam as “convocações e incitações para deslocamento até a Esplanada dos Ministérios, ocupações de prédios públicos e ações violentas”.
Cerca de três horas e meia depois, a Abin já avisava que pessoas que alegavam estar armadas estavam presentes, quando Fernando de Sousa Oliveira, secretário de Segurança Pública do DF em exercício e número dois do então secretário, Anderson Torres, manda uma mensagem de voz para o governador Ibaneis Rocha (MDB). No áudio ele diz que estava “tudo tranquilo” e que os bolsonaristas haviam “topado” caminhar até a Esplanada dos Ministérios de forma “pacífica, organizada, controlada”, mensagem que foi repassada ao ministro Flávio Dino.
Uma vez que os ataques aos prédios-sede dos Três Poderes já estavam em curso, às 16h43, Ibaneis diz a Dino que precisaria do Exército, possivelmente recorrendo à Garantia da Lei e da Ordem (GLO), algo descartado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e por Dino.
Rodovias
Segundo o documento, além dos alertas a Gonçalves Dias desde o dia 6, a Abin vinha reportando o risco de ataques resultantes da insatisfação com o resultado da eleição de 2022 em rodovias e capitais a sete órgãos federais: o Centro de Inteligência do Exército, o Centro de Inteligência da Marinha, a Assessoria de Inteligência de Defesa do Ministério da Defesa, a Diretoria de Inteligência do MJSP, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o Ministério da Infraestrutura e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
A partir do dia 6, entraram nos informes da agência o GSI, a PF, a PRF e órgãos do governo do DF, como as polícias Militar e Civil e a Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública.
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