INVESTIGAÇÃO

À PF, Bolsonaro diz que publicou vídeo "sem querer" e sem assistir na íntegra

Ex-presidente prestou depoimento no inquérito que investiga os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Bolsonaro foi incluído na investigação por suspeita de instigar os apoiadores

Luana Patriolino
postado em 27/04/2023 17:22 / atualizado em 27/04/2023 17:22
 (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
(crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, em depoimento à Polícia Federal, que não assistiu à íntegra do vídeo compartilhado por ele, que acusava, sem provas, o processo eleitoral brasileiro de ser uma fraude. O ex-chefe do Executivo prestou depoimento ontem, em Brasília, e disse que publicou o material falso sem querer, ao tentar mandá-lo para si mesmo.

"Que, indagado a respeito de sua opinião sobre o processo eleitoral, afirma que, ao postar o vídeo, não havia o assistido em sua integralidade e, em momento algum, emitiu juízo de valor sobre ele", diz trecho do depoimento.

"Que, no dia 10/01/2023, tão logo saiu do hospital, já em sua residência, visualizou o vídeo postado na página do Facebook de uma pessoa desconhecida, que se interessou em assisti-lo com mais cuidado posteriormente; Que tem o costume de encaminhar todas as postagens que lhe interessam para o seu WhatsApp particular para posterior visualização", continua a transcrição.

Bolsonaro prestou depoimento no âmbito do inquérito que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro — que resultaram na depredação dos prédios do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal (STF) e Palácio do Planalto. Na oitiva, ele disse ainda que “considera a eleição de 2022 uma página virada em sua vida" e que, "em relação a demais fatos que tratem da questão eleitoral, poderá prestar esclarecimentos posteriormente".

Além de Bolsonaro, estiveram presentes na oitiva representantes da Procuradoria-Geral da República (PGR), Fabrício José da Fonseca e Olavo Evangelista Pezzotti, os delegados da PF, Raphael Soares Astini e Alexandre Camões Bessa, e os advogados do ex-presidente, Paulo Amador Thomaz Alves, Daniel Bettanio Tesser e Fábio Wajngarten.

Suspeita de incitação

O inquérito foi instaurado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. O magistrado atendeu a uma recomendação da PGR, que apontou incitação por parte de Bolsonaro. Dias antes do ataque, o ex-chefe do Planalto publicou um vídeo, sem provas, afirmando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não foi eleito, mas, sim, “escolhido por ministros do STF e TSE [Tribunal Superior Eleitoral]". A postagem foi apagada pouco tempo depois.

Na representação feita ao Supremo, o subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, destaca que Bolsonaro pode ter participação intelectual nos ataques ao questionar o resultado eleitoral. “Não se nega a existência de conexão probatória entre os fatos contidos na representação e o objeto deste inquérito, mais amplo em extensão. Por tal motivo, justifica-se a apuração global dos atos praticados antes e depois de 8 de janeiro de 2023 pelo representado”, escreveu.

Esse é o segundo depoimento de Jair Bolsonaro desde que ele voltou ao Brasil, após três meses nos Estados Unidos. No início deste mês, ele depôs sobre o escândalo das joias da Arábia Saudita. O ex-presidente também é investigado em outros inquéritos sobre disseminação de fake news e milícias digitais.

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

CONTINUE LENDO SOBRE