O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou, em entrevista ao jornal espanhol El País desta quinta-feira (27/4), a postura conciliadora do Brasil em relação ao conflito entre Ucrânia e Rússia.
"A primeira coisa que nós temos que entender é que esta guerra começou porque há muito tempo perdeu-se a capacidade de diálogo entre os dirigentes mundiais", destacou. “A Rússia não tinha o direito de invadir o território ucraniano.”
Lula destacou que vem conversando com diversos líderes mundiais, como os presidentes Xi Jinping (China), Joe Biden (Estados Unidos), Emmanuel Macron (França), e o chanceler alemão Olaf Scholz, em uma tentativa de acabar com a guerra que há um ano se instalou em solo ucraniano. “É preciso construir um grupo de países dispostos a negociar um cessar-fogo, eu quero que a guerra pare.”
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O presidente afirmou, ainda, que acredita no potencial mediador da Europa, mas criticou que o conflito tenha se instaurado tão rápido sem nenhuma tentativa, por parte dos demais países europeus, de contornar a situação.
“Acredito que a Europa tem o papel de mediadora, a Europa deveria fazer uma espécie de 'caminho do meio', e ela não fez. Ela se envolveu muito rapidamente, eu acho então que nós temos que encontrar as pessoas que querem falar sobre a paz. (...) Nós temos que envolver os países que não estão envolvidos diretamente ou indiretamente na guerra", argumentou Lula.
O chefe do Executivo revelou que o chanceler alemão chegou a pedir que o Brasil enviasse mísseis de tanques comprados na Alemanha para que pudessem ser usados do lado ucraniano do conflito. “Disse a Scholz que não ia vender porque, se um míssil é lançado e a Rússia descobre que foi o Brasil que vendeu, o Brasil entra na guerra. E quando se entra, não é possível falar em paz.”
ONU
Lula defendeu também uma “adaptação” à Organização das Nações Unidas (ONU) que contemple a geopolítica atual. “Me preocupa que esta guerra esteja vinculada a interesses políticos eleitorais. Isso já aconteceu outras vezes no mundo e não acredito que seja justo que haja uma guerra sem que ninguém esteja construindo a paz. Tratarei de fazer isso. Sei que o Brasil ainda não participa do Conselho de Segurança da ONU, mas os países que ocupam estes postos tampouco o fazem. A ONU tem a representação política de 1945. A geopolítica de 1945 não existe mais. É preciso adaptar a ONU a 2023”, opinou.
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