O presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou ter ficado em dúvida sobre comparecer ou não ao evento do Dia do Exército, comemorado ontem, no quartel-general da Força, em Brasília. Mas disse que resolveu ir para sinalizar não guardar rancor e mostrar que o assunto sobre o envolvimento de militares com o governo Bolsonaro está superado.
"Todo mundo sabe o quanto eu andava magoado com os militares neste país, por conta de tudo o que aconteceu. E fiquei a noite toda pensando: 'Vou ou não vou, vou ou não vou'. Tomei a decisão de ir e acho que foi Deus que me ajudou a decidir, porque fui para mostrar que não guardo rancor", afirmou Lula, na cerimônia de anúncio de R$ 2,44 bilhões para o orçamento de universidades e institutos federais.
O petista emendou que este "não é mais o Exército de Bolsonaro". "É o Exército de Caxias, Exército Brasileiro, que tem função constitucional. Precisamos restabelecer essa harmonia para a gente poder consertar este país", destacou.
Lula participou do evento do Dia do Exército, pela manhã, no mesmo local onde estiveram acampados extremistas bolsonaristas que pediam golpe de Estado. Ele assistiu aos desfiles e às demonstrações dos militares.
A ida de Lula ao evento demonstrou um aceno às Forças. No último dia 4, ele participou, no Palácio do Planalto, da cerimônia de apresentação dos oficiais-generais recém-promovidos.
O ato ocorreu em um momento em que o chefe do Executivo e os comandos das Forças Armadas ensaiam uma reaproximação após períodos de tensão envolvendo os atos terroristas de 8 de janeiro e a politização na corporação por parte de Bolsonaro.
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Julgamentos
Em outro compromisso do dia, o lançamento do Processo de Elaboração do PPA Participativo (Plano Plurianual), Lula fez menção aos atos extremistas.
"Cada pessoa que participou do golpe de 8 de janeiro vai ser julgada, vai ter direito à presunção de inocência, que eu não tive, mas não deixaremos de julgar cada um dos golpistas, porque, neste país, não existe espaço para fascista, nazista e quem não gosta de democracia", enfatizou.
A declaração ocorreu após a revelação de imagens internas do Palácio do Planalto que mostram a atuação de integrantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) nos ataques. No vídeo, é possível ver que os invasores receberam água dos militares e cumprimentaram agentes do GSI durante a depredação. Ante as evidências, o ministro-chefe do GSI, general Gonçalves Dias, pediu demissão ontem.
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