Militares

Lula diz não guardar rancor das Forças Armadas: "Não é mais o Exército de Bolsonaro"

O presidente Lula afirmou ainda ter ficado na dúvida sobre comparecer ao evento do Dia do Exército, comemorado nesta quarta-feira (19/4), mas relatou ter ido para mostrar que o assunto está superado

Ingrid Soares
postado em 19/04/2023 18:17
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou ter ficado na dúvida sobre comparecer ao evento do Dia do Exército, comemorado nesta quarta-feira (19/4). O chefe do Executivo disse que "andava magoado", mas garantiu ter ido para mostrar que o assunto envolvendo militares e o antigo governo Jair Bolsonaro (PL) está superado e que não guarda rancor da corporação.

“Hoje foi dia do Exército brasileiro. E todo mundo sabe o quanto eu andava magoado com os militares nesse país por conta de tudo que aconteceu. E eu fiquei a noite toda pensando: ‘vou ou não vou, vou ou não vou’. Tomei a decisão de ir e acho que foi Deus que me ajudou a decidir porque eu fui para mostrar que eu não guardo rancor”.

Lula reforçou também que esse “não é mais o Exército de Bolsonaro”.

“Esse não é mais o Exército de Bolsonaro, é o Exército de Caxias, Exército brasileiro que tem função constitucional. Nós precisamos restabelecer essa harmonia para a gente poder consertar esse país”, concluiu.

O presidente participou, na manhã desta quarta-feira (19/4), da cerimônia de comemoração do Dia do Exército, no Quartel-General do Setor Militar Urbano (SMU), em Brasília. O evento ocorreu no mesmo local onde, no começo do ano, estavam acampados manifestantes bolsonaristas que pediam golpe de Estado. Na cerimônia, o chefe do Executivo assistiu aos desfiles e demonstrações dos militares.

A ida de Lula ao evento demonstrou um aceno às Forças. No último dia 4, o petista participou da cerimônia de apresentação dos oficiais-generais recém-promovidos no Palácio do Planalto. O ato ocorreu em um momento em que o chefe do Executivo e os comandos das Forças Armadas ensaiam uma reaproximação após períodos de tensão envolvendo a crise provocada pelos atos terroristas de 8 de janeiro e eventual politização na corporação envolvendo a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na ordem do dia, discurso de comemoração lido pelo comandante do Exército, Tomás Paiva, o Exército Brasileiro comemora 375 anos. O general destacou que o Exército baseia sua história em “valores e tradições” e na “defesa da democracia” e ressaltou que o Exército é uma instituição “apolítica, apartidária, imparcial e coesa”.

"O Exército imortal de Caxias, Instituição de Estado, apolítica, apartidária, imparcial e coesa, integrada à sociedade e em permanente estado de prontidão, completa 375 anos de história. Sua existência está alicerçada em valores e tradições, bem como comprometida com a defesa da Pátria, da independência, da República e da democracia", apontou.

“Brasil não tem espaço para nazista e fascista”

Hoje, horas depois, ao participar do lançamento do Processo de Elaboração do PPA Participativo (Plano Plurianual), o presidente Lula afirmou que o Brasil "não tem espaço para fascista, nazista e quem não gosta da democracia".

"Cada pessoa que participou do golpe de 8 de janeiro vai ser julgada, vai ter direito à presunção de inocência, que eu não tive, mas nós não deixaremos de julgar cada um dos golpistas porque neste país não existe espaço para fascista, nazista e quem não gosta de democracia", apontou.

A declaração ocorreu após a revelação de imagens internas do Palácio do Planalto que mostram a atuação de integrantes do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) nos ataques de 8 de janeiro. O vídeo mostra que os criminosos que realizaram as depredações receberam água dos militares e cumprimentaram agentes do GSI durante os ataques.

Com a repercussão, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, pediu demissão nesta tarde . A decisão ocorreu após vazarem imagens dele e de agentes da pasta interagindo com os golpistas no dia dos atos terroristas de 8 de janeiro.

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