O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), adiou para 26 de abril a sessão do Congresso e frustrou a oposição, que pretendia que fosse lido, ontem, o requerimento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos antidemocráticos de 8 de Janeiro. A nova data dá mais fôlego ao Palácio do Planalto para trabalhar a retirada de assinaturas e sepultar a CPMI, vista pelos governistas como um palco armado pelos adversários para tentarem envolver o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus principais ministros na balbúrdia dos vândalos bolsonaristas, que culminou na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.
O adiamento foi decidido na reunião de líderes. Além das legendas que apoiam o governo, outras que pareciam estar na oposição — como o Republicanos — também apoiaram a transferência da sessão do Congresso. Nos corredores da Câmara e do Senado, alguns parlamentares signatários do requerimento da CPMI admitem que podem deixar de apoiar a criação do colegiado. Nos bastidores, fala-se que haverá uma retirada em bloco de assinaturas, de diversas partidos, às vésperas ou logo após a leitura do requerimento.
A leitura da CPMI não garante a sua instalação, mas é uma das etapas necessárias para que comissões de inquérito sejam efetivadas. Até o momento, o requerimento do deputado André Fernandes (PL-CE) conta com 194 deputados e 37 senadores como signatários. O mínimo para a leitura ser efetivada é de 171 deputados e 27 senadores.
Publicamente, o motivo para adiar a sessão do Congresso foi a impossibilidade de votar o projeto de lei para efetivar o piso da enfermagem. "Haverá sessão na quarta-feira da próxima semana, de modo que teremos a oportunidade de apreciar os vetos, os projetos de lei do Congresso e fazer a leitura do requerimento", disse Pacheco após reunião com os líderes.
"Esse adiamento é uma manobra do governo, que pretende aproveitar para tentar cooptar senadores e deputados para que retirem suas assinaturas, demonstrando um medo, um temor para nós inexplicável", acusou o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN).
Medo zero
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), rechaçou a afirmação de Marinho. Afirmou que o governo não teme a CPMI.
"Nós, da democracia e do governo, fomos vítimas da agressão. Na verdade, esta CPMI vai investigar os financiadores, aqueles que organizaram a barbárie", disse.
Segundo o ministro Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, os maiores defensores da CPMI na oposição "passaram pano" para os vândalos que participaram a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro. Ele considera que a real intenção dos bolsonaristas é tumultuar as investigações da Polícia Federal (PF) e o inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Não é uma proposta de quem quer apurar quem é responsável, quem financiou e quem mobilizou aquele ato de terrorismo. Os líderes vão continuar conversando com os parlamentares, o que está sendo muito bem sucedido. Vários parlamentares estão se convencendo", destacou.
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