Entrevista

"Respeitaremos a vontade de cada parlamentar", diz líder de blocão da Câmara

Ao Correio, o deputado Fábio Macedo (Podemos-MA) confirmou que 70% dos parlamentares do grupo aderem à base governista, mas frisou que não haverá pressão contra dissidentes

Raphael Felice
postado em 12/04/2023 14:00
 (crédito: Divulgaçào/Agência Assembleia)
(crédito: Divulgaçào/Agência Assembleia)

O novo blocão formado por MDB, PSD, Podemos, Republicanos, e PSC trouxe um novo elemento ao tabuleiro de articulações da Câmara dos Deputados, e trouxe um maior ar de otimismo na base do governo para negociar apoio às suas pautas dentro da Casa Baixa.

Apesar do novo grupo descentralizar o controle do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e haver um certo incômodo por parte do deputado alagoano, que busca articulações para construir um bloco ainda maior, integrantes do quinteto partidário garantem que a formação do bloco não é uma ruptura, mas uma medida para atuar em prol das pautas que julguem positivas para o Brasil.

No dia do anúncio da formação do novo bloco, lideranças dos cinco partidos se reuniram com Lira e celebraram o acordo. Entre os que publicaram sobre o novo acerto nas redes foi o escolhido como líder do blocão, o deputado Fábio Macedo (Podemos-MA), que agradeceu a confiança e não esqueceu de deixar seus cumprimentos ao presidente da Câmara. No entanto, movimentos políticos, como a busca de relatorias setoriais na Comissão Mista de Orçamento (CMO) ou do novo arcabouço, podem ser disputadas pelo bloco. Segundo o deputado, medidas como essas serão “alinhadas” nas reuniões.

Ao Correio, o líder da nova aliança majoritária da Câmara confirmou que 70% do grupo compõe a base aliada do governo, mas não haverá pressão aos parlamentares que se posicionam de forma diferente. Macedo também falou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve conseguir firmar uma base mais confiável e destravar a pauta governista dentro do Congresso.

Qual a expectativa com a formação desse novo blocão e com a sua liderança?

Primeiramente, quero dizer que fiquei muito lisonjeado com a confiança que me foi dada em liderar o maior e único bloco formado na Câmara dos Deputados. Será um desafio muito grande, ao qual pretendo corresponder com muito trabalho, seriedade e comprometimento.

Como fica o cenário da Câmara agora que houve uma cisão, mesmo que amigável, do centro?

Não existe uma ruptura. Existe a união de um bloco forte e unido em lutar e defender o que for melhor para o Brasil. Mesmo tendo 70% da bancada governista, nós respeitaremos a vontade de cada parlamentar.

Com 142 deputados, o novo bloco passa a ter maior influência na Casa. De imediato, há alguma estratégia? Relatorias da CMO ou do arcabouço podem ser de interesse?

Tudo vai ser decidido e alinhado com os demais líderes de cada partido do bloco. A união dos partidos é para estarmos alinhados no que for melhor para o Brasil. Toda semana, os líderes vão se reunir com suas bancadas para definir o encaminhamento da semana e, assim, seguiremos.

O Republicanos no governo anterior formava mais com um centrão ao lado de PL e PP. Dá para dizer que foi uma surpresa a entrada do partido nesse novo bloco?

Não teve nenhuma surpresa. Já havia um entrosamento entre os presidentes das legendas que compõem o bloco e há uma boa sintonia entre nós, líderes de cada partido, e isso só tende a ajudar aos partidos dentro do trâmite legislativo a debater as propostas que serão trazidas e, com certeza, fortalecer o maior movimento político dentro da Casa.

Como fica a influência do Lira? O PP vinha tentando firmar uma federação com o União e agora tenta um bloco para aumentar essa ala e superar o blocão

Lira é um grande líder e tem total direito de se articular. Mas a formação desse bloco foi criada em um clima de muita harmonia com o presidente Arthur Lira. O bloco não foi formado para ser um grupo de oposição, e sim de articulação para facilitar a deliberação de matérias de interesse do país, mostrar que é possível convergir em meio a pensamentos diferentes e a favor da democracia. Seguiremos unidos e fortes em prol do melhor do Brasil.

Qual a expectativa para o novo arcabouço fiscal? O texto passa com tranquilidade, a tramitação pode ser rápida como o governo pretende?

Tivemos uma reunião com o ministro [Fernando] Haddad, onde estavam todos os líderes partidários. Uma reunião muito positiva, e vimos que o arcabouço fiscal será algo que vai manter firme a economia do país e vai evitar estourar o teto de gastos, e isso manterá um bom equilíbrio financeiro. Eu penso que um modelo fiscal bem feito, que equilibre as necessidades de investimentos sociais para a população com a responsabilidade com os gastos ajuda o país a crescer, gerando mais investimentos. E nós acreditamos sim, que ele passará rapidamente.

O governo conseguirá construir uma base sólida no Congresso?

O presidente Lula tem se colocado à disposição para dialogar com todos os partidos. Acredito que isso só tem a crescer e fortalecer a base de apoio ao governo.

Sobre medidas provisórias, qual a sua avaliação da volta das comissões mistas? A Câmara está satisfeita com o retorno do trâmite tradicional?, após a queda de braço entre Lira e Rodrigo Pacheco (PSD-MG)?

Como na pandemia, foi possível obter um grande avanço nas tramitações legislativas da Casa, em especial as medidas provisórias. A única preocupação do presidente Arthur Lira é que, com a retomada das votações ao modelo anterior, isso possa atrasar a agilidade alcançada nos últimos anos.

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