Câmara dos Deputados

Dino deixa Comissão de Segurança da Câmara após confusão entre deputados

Após a confusão, o deputado Sanderson (PL/RS), presidente da Comissão, declarou a audiência encerrada e afirmou que outra data será marcada para que Dino preste os esclarecimentos

Raphael Felice
postado em 11/04/2023 18:26 / atualizado em 11/04/2023 18:30
Ministro da Justiça, Flávio Dino, fala sobre o decreto que suspende registro de armas na comissão de segurança pública da Câmara. Durante depoimento teve vários tumultos entre deputados do governo e oposição. -  (crédito: Lula Marques/ Agência Brasil)
Ministro da Justiça, Flávio Dino, fala sobre o decreto que suspende registro de armas na comissão de segurança pública da Câmara. Durante depoimento teve vários tumultos entre deputados do governo e oposição. - (crédito: Lula Marques/ Agência Brasil)

A Comissão de Segurança Pública (CSP) na Câmara dos Deputados foi interrompida, nesta terça-feira (11/4), após diversas discursões entre deputados federais do governo e da oposição. A reunião foi marcada por gritos, tumulto, discussões, tapas na mesa, insinuações, deboche e até xingamentos com palavras de baixo calão.

O colegiado recebeu o ministro da Justiça, Flávio Dino, para esclarecer a visita ao Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, a política de armas do governo Lula (PT) e as invasões em escolas em diversos estados brasileiros. No entanto, o ministro pouco conseguiu falar em meio às constantes trocas de farpas entre os deputados federais.

Após várias discussões pontuais, em determinado momento os deputados entraram em um bate-boca que durou sete minutos ininterruptos. Após a confusão, o deputado Sanderson (PL/RS), presidente da Comissão, declarou a audiência encerrada e afirmou que outra data será marcada para que Dino preste os esclarecimentos.

Com o término da reunião, deputados da oposição começaram a gritar “fujão! fujão” para Flávio Dino, mesmo após toda a confusão.

Pelas redes sociais, Dino comentou a confusão. "Infelizmente, deputados extremistas adotaram uma sequência de atitudes ameaçadoras, ofensivas e agressivas, impedindo a realização de audiência na Comissão de Segurança Pública da Câmara. Considero um desrespeito ao povo brasileiro e ao próprio Poder Legislativo", escreveu o ministro. 

"A lamentável confusão na Comissão de Segurança Pública na Câmara envolveu palavras impublicáveis, ameaças, agressões e ofensas. Tais atitudes reforçam a necessidade do controle de armas. Imaginem essa gente com arma na mão, sem estabilidade emocional. Um perigo para a sociedade", completou Dino.  

  • Ministro da Justiça, Flávio Dino, fala sobre o decreto que suspende registro de armas na comissão de segurança pública da Câmara. Durante depoimento teve vários tumultos entre deputados do governo e oposição. Lula Marques/ Agência Brasil
  • Ministro da Justiça, Flávio Dino, fala sobre o decreto que suspende registro de armas na comissão de segurança pública da Câmara. Durante depoimento teve vários tumultos entre deputados do governo e oposição. Lula Marques/ Agência Brasil
  • Ministro da Justiça, Flávio Dino, fala sobre o decreto que suspende registro de armas na comissão de segurança pública da Câmara. Durante depoimento teve vários tumultos entre deputados do governo e oposição. Lula Marques/ Agência Brasil
  • Ministro da Justiça, Flávio Dino, fala sobre o decreto que suspende registro de armas na comissão de segurança pública da Câmara. Durante depoimento teve vários tumultos entre deputados do governo e oposição. Lula Marques/ Agência Brasil

Palavrões e confusão

Logo no começo, o presidente da comissão chegou a afirmar que a CSP não repetiria o que aconteceu na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da semana retrasada,. No entanto, na prática, o cenário foi ainda pior. A fala de Sanderson chegou a ser questionada por deputados que compõem a CCJ, como Orlando Silva (PCdoB-SP).

"Se lá na CCJ foi aquela pantomima, aqui não vai ser", disse Sanderson no começo da comissão que durou menos de duas horas.

O ponto alto da briga dentro da comissão ocorreu logo após as considerações iniciais do ministro da Justiça. Após um bate-boca sobre questões regimentais e questões de ordem, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) xingou o deputado Duarte Júnior (PSB-MA). O deputado informou que fará uma denúncia formal contra a parlamentar bolsonarista no conselho de ética. Confira o momento: 

"Repudio veementemente essa atitude inaceitável e total falta de exemplo. Irei representá-la no Conselho de Ética. Respeito é a base de qualquer diálogo", disse Duarte após a CSP. O deputado publicou um vídeo nas redes sociais que dá para ouvir o momento em que o xingamento é proferido.

Entre os integrantes da base do governo mais ativos estavam os deputados Duarte Júnior (PSB-MA), Gervásio Maia (PSB-PB) e Orlando Silva (PCdoB-SP), enquanto a oposição contava com alguns dos deputados bolsonaristas mais atuantes, como Gilvan da Federal (PL-ES), Delegado Éder Mauro (PL-PA), Junio Amaral (PL-MG) e Carla Zambelli (PL-SP). Outros deputados como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também estavam na reunião, mas não participaram do bate-boca.

Dentre os bolsonaristas, deputados como delegado Éder Mauro (PL-PA), Gilvan da Federa (PL-ES) e Junio Amaral (PL-MG) foram alguns dos protagonistas das discussões. Pela base do governo, estavam presentes nomes como Orlando Silva (PC do B-SP), Duarte (PSB-MA) e Gervásio Maia (PSB-PB).

Nesse momento, Duarte foi cercado por outros deputados bolsonaristas que chegara depois na reunião, como Hélio Lopes (PL-RJ), Zé Trovão e Gilvan da Federal. Zé Trovão (PL-SC), chegou a ficar em riste com o deputado governista. “Não me toque! Não me toque!”, bradou o deputado do PSB.

 

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