A Polícia Federal convocou 80 militares do Exército para prestar depoimento sobre os atentados de 8 de janeiro, quando extremistas invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. A corporação quer entender qual o papel da força terrestre na concretização e eventual proteção aos criminosos que depredaram os prédios públicos.
De acordo com informações obtidas pelo Correio junto a fontes na corporação, os depoimentos devem ocorrer todos no mesmo dia, na Academia Nacional de Polícia, localizada no Lago Norte. A instalação é a mesma para onde foram levados extremistas presos no acampamento em frente ao Quartel General do Exército, no dia seguinte aos atentados. Diversas testemunhas e investigados afirmaram em depoimento que o Exército impediu a prisão dos vândalos no dia dos ataques.
Entre os convocados para prestar depoimento, estão oficiais que ocupavam cargos de comando no Exército. Um dos depoentes é o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que chefiou o Comando Militar do Planalto. Também foi convocado o tenente-coronel Jorge Fernandes da Hora, do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), responsável pela segurança do Palácio do Planalto.
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Em novembro, dois meses antes da depredação dos edifícios na Praça dos Três Poderes, a Polícia do Exército deixou que acampados atacassem fiscais do governo de Brasília que tentavam remover barracas com alimentos e outros mantimentos usados para sustentar o acampamento golpista, de acordo com documentos obtidos pela PF durante as investigações.
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Além disso, o ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Fábio Vieira afirmou que o Exército impediu operações da corporação para prender os integrantes do acampamento montando em frente ao Quartel-Geral. Ele indicou que os oficiais da força discordaram das ações e que chegaram a impedir o acesso da tropa da polícia.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator do inquérito que investiga os atentados, entende que os militares envolvidos com o caso devem ser julgados pelo Supremo, e não na Justiça Militar, tendo em vista que o ataque foi contra a sede do tribunal e envolve tentativa de golpe de Estado.
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