Durante o programa ‘CNN Arena’ dessa quarta-feira (5/4), as comentaristas Janaína Paschoal e Raquel Landim divergiram, ao vivo, sobre o caso das joias do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e discutiram no meio da atração.
O programa debatia o depoimento que Bolsonaro prestou à Polícia Federal, que disse não se lembrar de quem o avisou da apreensão das joias que seriam um presente da Arábia Saudita pela Receita Federal. O ex-presidente ainda afirmou que só soube da existência do kit milionário em dezembro de 2022, mais de um ano depois que elas chegaram ao Brasil.
Raquel Landim disse que o ex-chefe do Executivo federal foi contraditório, uma vez que “é pouco crível você imaginar que joias que eram destinadas a Jair Bolsonaro, era um presente diplomático, e que simplesmente ele (Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia) não avisa ninguém”. Ainda para a comentarista, também é difícil de acreditar que o então presidente não sabia, até dezembro de 2022, da existência das joias e que buscou a regularidade dos procedimentos para evitar um vexame diplomático.
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Janaína Paschoal respondeu, questionando por que Bolsonaro teria corrido atrás de liberar as joias após ter perdido as eleições. “Por que não tentou resgatar quando tinha o poder?”, afirmou. Por isso, para a advogada, a versão de que o ex-presidente só soube das joias em dezembro é crível. No que Landim justificou que ele havia evitado tocar no assunto durante a campanha eleitoral para evitar que o tema viesse à tona.
Em resposta, Janaína levanta a hipótese de que o caso seria uma “questão do ministro”. E que Bolsonaro pode ter tentado liberar as joias quando soube da situação. “Não podemos esquecer que o ministro passou sem nada ou talvez com aquele estojo menor, ou com alguma outra coisa, deixou o conjunto grande com o assessor e a primeira frase do assessor foi ‘é presente para o ministro’. Aí, o ministro volta e fala ‘é para a primeira-dama’. Todas as hipóteses precisam ser investigadas”, apontou.
Landim defendeu que nenhuma possibilidade pode ser abandonada, mas que seria pouco provável que o governo saudita presenteasse o ministro com algo tão valioso e citou a hierarquia nas Forças Armadas como um fator para que Bento Albuquerque agisse em prol de Bolsonaro. “É também muito estranho vendo um ministro em apuros para, sei lá, surrupiar um patrimônio deste tamanho para que o presidente Jair Bolsonaro colocasse o seu ajudante de ordens pra liberar essas joias e dar uma carteirada em Guarulhos e salvar o seu ministro que tentava contrabandear um colar de R$ 16,5 milhões em benefício próprio”, destacou.
A partir daí, o debate virou uma discussão, e Paschoal acusou Landim de já ter escolhido um culpado para o caso. “Nem se é presente você sabe”, disse. Em que a jornalista respondeu que não era juíza e que, ali, era uma jornalista levantando fatos, sem defender um lado. “Quem conhece o meu trabalho sabe que eu não tenho lado e por isso que trabalho na CNN desde a fundação do canal. Tenho 25 anos de jornalismo pelos principais veículos do país. Eu não estou aqui julgando a sua posição porque não me cabe”, se defendeu.
A advogada disse que a colega não a compreendia, uma vez que ela tinha juízo de valor sobre Janaína e sobre Bolsonaro. Para a representante do Direito, é preciso primeiro provar se as joias eram ou não um presente. Só depois a discussão sobre culpa poderia ser levantada. Ela ainda rebateu o argumento da companheira de bancada. “O militar tem como princípio a hierarquia, mas é principio do militarismo não seguir ordem ilegal. Nenhuma hierarquia obrigaria um ministro militar a esconder um tesouro”, disse.
Raquel defendeu que não disse aquilo, e sim que “Se fosse uma responsabilidade exclusiva do ministro, se ele estivesse fazendo uma contravenção, Jair Bolsonaro mandasse, existe uma ordem, documento da presidência da república enviando um oficial, existe um vídeo, fosse ao aeroporto de Guarulhos, é uma hipótese, para livrar um ministro de um problema criado por ele mesmo”, afirmou.
Para acalmar os ânimos, o âncora Felipe Moura Brasil precisou intervir, dizendo que o programa é de debates em cima de fatos e que não faz juízo de valor dos participantes. Ele também colocou que, por conta das formações diferentes, é comum aparecerem divergências de opiniões.
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