O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Silvio Almeida, em participação em um evento feito pela pasta nesta quarta-feira (5), lamentou a tragédia ocorrida na creche Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau (SC). Falando de improviso, ele disse que “não estava feliz” e fez um desabafo.
"Um país — um mundo, né? — que mata crianças é tudo menos democracia. É tudo menos um mundo decente. Eu sinto ter que dizer isso hoje. Mas eu estou dizendo isso hoje porque é só assim que a gente vai conseguir entender o que nós temos que fazer para mudar. Senhoras e senhores, nós estamos falhando miseravelmente com as crianças e com os adolescentes. Nós estamos falhando miseravelmente com as pessoas que mais precisam de nós nesse país, e nós temos que admitir isso pra poder dar um passo pra frente”, afirmou o ministro.
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Silvio se dirigiu a Daiane da Silva Santos, de 16 anos e estudante. Ela estava no evento representando o Comitê de Participação de Adolescente e mora em uma uma instituição de acolhimento. O ministro pediu desculpas à jovem em nome do Estado brasileiro.
"Eu queria me desculpar porque eu diria que muito do que você tem passado na sua vida eu quero dizer que não é culpa sua, não. É culpa da sociedade brasileira, do Estado brasileiro, da maneira com que nós temos tratado as crianças e os adolescentes desse país, há muito tempo, da maneira como a sociedade em geral, os governos, eu diria que as entidades todas, as entidades empresariais, todo mundo, do jeito que nós temos tratado as crianças desse país", disse o ministro.
Silvio Almeida concluiu que crianças brasileiras morrem de outras formas, além de assassinadas como hoje. "Porque, vejam, nós estamos falando de crianças que foram assassinadas hoje. Mas há outro jeito de se matar crianças também, né? E que nós temos cultivado e normalizado isso há muito tempo. Nós temos permitido que crianças passem fome no Brasil. Crianças morrem de fome. Nós temos permitido que crianças fiquem sem escola. Nós temos permitido, isso há muito tempo, que as crianças morem… não é moradia, na verdade, que as crianças fiquem nas ruas, sem amparo, sem proteção”, lamentou.
*Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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