O Observatório de Pessoal, iniciativa do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), lançado na última semana, apontou que na primeira versão do relatório de pessoal foi verificada uma redução na quantidade de mulheres em cargos efetivos do governo. A marca era de 46% em fevereiro de 2019 e passou para 45%, em fevereiro deste ano, informou a ministra Esther Dweck.
“O período de ausência de concursos gerais e continuidade dos concursos em áreas predominantemente masculinas, como militares e segurança pública, foi um dos fatores que fizeram o percentual geral de mulheres no serviço público ficar estagnado”, explicou. “Quando olhamos sobre as mulheres no papel de lideranças nem na média, nem na alta liderança é proporcional à quantidade de servidoras na administração pública federal, e mais abaixo ainda da média feminina da população brasileira.”
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A plataforma reúne dados estatísticos e informações diversas sobre os servidores públicos. Entre as informações estão o perfil destes trabalhadores, demonstrando, por exemplo, idade, estado civil, escolaridade e gênero, além de apresentar um recorte sobre as pessoas com deficiência e de mulheres negras e indígenas na carreira de liderança pública.
O relatório indica que, estatisticamente, a chance de homens com filhos menores de idade ocuparem cargos de média e alta gestão é 3,2 vezes maior do que entre mulheres nas mesmas condições. “Isso reflete a dificuldade das mulheres em aceitar o cargo ou de serem chamadas a assumir cargos de gestão, porque o trabalho de cuidados geralmente fica com a mulher, e ela não consegue, ou não pode, aumentar sua responsabilidade. Mas é importante que a mulher seja chamada e a decisão de assumir, ou não, a liderança seja um fator pessoal, e não de incapacidade técnica”, afirmou a ministra.
A ferramenta se alinha com algumas das estratégias de equidade do governo federal. No fim de março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou um decreto que amplia a presença de pessoas negras em cargos de liderança e inclui, ainda, paridade entre homens e mulheres. Até 30% das vagas em cargos de comissão e funções de confiança do Executivo, incluindo administração direta, autarquias e fundações, são reservadas para pessoas negras.
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