Jornal Correio Braziliense

MINAS GERAIS

PT denuncia prefeito que atribuiu aumento de homicídios a Lula

Partido pede que seja instaurado inquérito por injúria. Irmão do senador Cleitinho voltou a chamar o presidente de ladrão

O Partido dos Trabalhadores (PT) protocolou nesta quarta-feira (22/3) notícia-crime contra Gleidson Azevedo (PSC), prefeito de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, por ele ter vinculado a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao aumento de homicídios na cidade. A sigla pede que seja instaurado, pelo procurador-geral do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), inquérito policial para apurar possível crime de injúria.

Durante participação no programa Gatilho PodCast, no dia 9 de março, o prefeito - que é irmão do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) - foi questionado sobre o crescimento da criminalidade na cidade e as medidas para ampliar a segurança. Ele, então, respondeu: “Faz o L”.

Emendando a resposta, ele voltou a chamar o presidente de “ladrão” e deu a entender que os crimes são reflexo da falta de punição, já que Lula foi eleito após deixar a prisão. “A partir do momento que você elege – igual eu falei, a eleição passou, segue o jogo, eu preciso do governo federal para administrar a cidade, mas elegeu um ladrão. Que moralidade você tem hoje para poder... a campanha do Lula foi dentro, dos caras fazendo ar. Para quem está no crime, eu vou fazer, não tem punição. Um cara que estava preso foi solto e hoje ele é presidente do Brasil”, afirmou.

A denúncia

O PT alega que “de maneira indevida e descabida”, o prefeito relacionou “as altas taxas de criminalidade da cidade” com a vitória de Lula. Diz que, além de transferir a culpa, ele “aproveita a oportunidade para atribuir a pecha de 'ladrão', bem como afirma que os integrantes da campanha do candidato do PT estariam portando armas”.

O partido ainda argumenta que a expressão usada pelo prefeito, “Faz o L”, vem sendo utilizada por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como “uma irônica tentativa de associar” o presidente e o PT “a feitos que seriam prejudiciais à sociedade brasileira”, como “homicídios, piora na economia, consumo de drogas, dentre outros”.

“O noticiado tenta incutir na mente dos ouvintes/espectadores do podcast que as altas taxas de criminalidade se dariam em razão da vitória do candidato do Partido dos Trabalhados na disputa presidencial. Ao passo que leva a crer que os criminosos sentiriam uma sensação de impunidade, de alguma maneira se relacionado a situação pela qual passou o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, que ficou preso indevidamente durante 580 dias e depois foi solto”, consta na notícia-crime.

O partido defende que as declarações de Gleidson ferem a honra do presidente e o acusa de cometer possível crime de injúria, ofendendo a dignidade e o decoro. As declarações foram classificadas como “ataques” e “discurso de ódio sem embasamento com a realidade”.

“Que ensejam na instauração de investigação para apurar a possibilidade da ocorrência do crime de injúria, visto as flagrantes ofensas à honra da sigla e do atual presidente”, defende o PT.

A legenda diz que não se trata de ato individual e sim de “uma campanha muito bem coordenada de propagação de notícias falsas” iniciada em 2018 com o “objetivo incutir na mente dos brasileiros que Lula, e por consequência o PT, seriam a representação e a causa de todos os problemas que a sociedade brasileira enfrenta”.

Foi apontada ainda negligência por parte do irmão do senador por a cidade não ter uma guarda municipal. A notícia-crime menciona também que, em 2019, Divinópolis figurava em 13ª posição entre as cidades com maior taxa de homicídios de Minas Gerais.

De janeiro a março deste ano, a cidade registrou 17 assassinatos, de acordo com dados da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). Em nota, a assessoria do prefeito disse que não houve intenção de injuriar.

Nota na íntegra:

“Após a campanha eleitoral para as eleições presidenciais ocorridas no ano passado, tornou-se comum e até mesmo um “meme”, eleitores fazerem gestos de “arminhas” em alusão ao Bolsonaro e também do “faz o L” em referência à Lula.”, até mesmo figurinhas de WhatsApp foram criadas. Tais memes são utilizados, na maioria das vezes, de forma irônica ou em situações completamente desconexas com a figura de Bolsonaro e Lula. No entanto, sem qualquer intenção de injuriar, caluniar ou difamar nem mesmo criticar ou atribuir responsabilidade a quem quer que seja.”