Primeiro ministro do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a participar de uma audiência pública no Senado, Renan Filho (MDB) esteve nesta terça-feira (21/3) na reunião da Comissão de Infraestrutura (CI) na Casa.
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No compromisso, senadores pediram prioridade de investimentos para obras de seus respectivos estados. Após a agenda, o ministro dos Transportes conversou com o Correio sobre o que vai apresentar ao presidente Lula como entrega de sua pasta nos primeiros 100 dias de gestão, arcabouço fiscal e investimentos privados e públicos, entre outros temas.
O que o senhor vai apresentar como entrega no próximo dia 10?
Muita coisa, pois 50% dos projetos pedidos pelos governadores são de infraestrutura. Duplicações de rodovias, novas construções, pontes, concessões. Não estou com dificuldade de apresentar. Ao contrário: nossa dificuldade é como racionalizar as necessidades do país aos recursos que nós temos. Peguei muita coisa atrasada, e nós estamos intensificando. Nos primeiros 100 dias, a meta era investir R$ 1 bilhão. Nós devemos chegar a entre R$ 3 e R$ 4 bilhões pagos. Isso é praticamente o que o governo investiu no ano passado. As obras se arrastavam, o que significa dizer que em três meses nós vamos entregar o que eles entregaram em um ano. É um nível maior de entrega, porque este ano a gente vai ter R$ 21 bilhões para aplicar em Transportes o que o governo anterior aplicou em quatro anos.
Qual a estimativa de extensão dessas entregas?
No plano de 100 dias, a meta são 860 km de rodovias recuperadas e de rodovias publicadas. Nós vamos entregar. Os investimentos precisam estar sintonizados com a possibilidade fiscal do país. Não estou defendendo o desequilíbrio das finanças públicas, o que inflação, exige taxas de juros alta e cobra um preço da população por outro lado. Acredito que o ministro (Fernando) Haddad (da Fazenda), vai ser engenhoso ao nos propor um marco fiscal que permita garantir investimentos onde precisa e responsabilidade fiscal.
Elas estão concentradas?
Estão distribuídas em todo Brasil. Na área mais rica do país, as entregas são mais em concessões e em atração de capital privado. Nas mais pobres, em obras eminentemente públicas, mas tem obras de transportes em todas as partes.
O senhor é um dos principais defensores da valorização do DNIT...
O DNTI é a principal casa da engenharia nacional, especialmente no âmbito rodoviário, porque vem do DNRE, uma casa quase secular. Óbvio que sua experiência precisa ser respeitada. O DNIT foi muito vilipendiado em outros momentos. Precisamos garantir uma agenda técnica, competente, íntegra e transparente.
E essa valorização vai existir no Orçamento de 2024?
É isso que eu tenho defendido, desde que garanta também sustentabilidade fiscal. Precisa ter as duas coisas. A defesa é de que a gente tenha capacidade de investir por um lado e que o governo tenha capacidade de garantir a sustentabilidade fiscal, para que quem empresta recursos ao governo, para cumprir as suas obrigações, tenha segurança de que vai receber seu recurso. Isso garante que possamos ter taxa de juros menores, inflação controlada, emprego crescendo e investimento também. O que não podemos é ter é um Brasil que investe muito à custa de desequilíbrio fiscal ou que não investe nada à custa de manter o equilíbrio fiscal. Esse é o desafio da economia.
Como estão as crises internas com ministros no governo?
Não sei não (risos). Nunca tive crise com ministro.
Houve uma exposição de mal-estar na semana passada...
Eu aprendi com meu avô que já carregamos problema demais para resolver. Se criarmos tantos outros dentro do próprio governo, dificulta ainda mais. Sou daqueles que gostam de olhar as coisas sempre com objetividade, e procuro não criar problema com ninguém. Ao contrário: sei o meu papel e quem está acima de mim. Quem toma decisão junto comigo. Então, vou seguir respeitando as orientações do presidente Lula, sabendo que o governo federal é um time e que cada um joga na sua posição.