Jornal Correio Braziliense

Congresso

Guimarães: 'Relator do arcabouço só será escolhido após envio do projeto'

José Guimarães (PT) e Arthur Lira (PP-AL) se encontraram nesta segunda-feira (21/3), após líder do governo petista se reunir com Fernando Haddad (PT), titular da Fazenda

Líder do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Câmara, José Guimarães (PT) colocou por terra a certeza de que a relatoria do novo arcabouço fiscal vai ficar com o PP, partido de Arthur Lira (AL), presidente da Casa. Guimarães e Lira se encontraram nesta segunda-feira (21/3) após o deputado petista se reunir com Fernando Haddad (PT), titular da Fazenda.

O arcabouço fiscal é um mecanismo de controle das contas públicas. O Ministério da Fazenda se articula para enviar, ainda nesta semana, o projeto de lei que vai tramitar no Congresso e cujo foco é substituir o teto de gastos, vigente desde 2017. “Ainda não sabemos como será o texto, que está sendo alinhado pelo ministro Haddad com o presidente Lula e só virá para o Congresso depois que o presidente aprovar”. A relatoria é objeto de disputa entre siglas do Centrão, a exemplo do PP e do União Brasil.

Entrave entre petistas

Nomes mais alinhados a Lula, como a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, apontam que o novo arcabouço terá que priorizar gastos na área social. Haddad, contudo, tem sido orientado a redigir um texto que não preocupe o mercado. Lira, no início deste mês, por exemplo, chegou a mandar um recado ao ministro, afirmando que o projeto tem que ser “equilibrado”.

Além de se reunir com Lira, Haddad teve reunião com Rodrigo Pacheco (PSD-MG). No encontro, o ministro se comprometeu a ir, no próximo mês, ao Congresso, para explicar a senadores o PL sobre o novo arcabouço que, se sua previsão for cumprida, já estará nas mãos de parlamentares. A equipe econômica vai acompanhar o petista.

Como o arcabouço é base para o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), é necessário ao governo que a emissão da proposição seja feita antes da PLDO, uma vez que o limite é o próximo dia 15. A possibilidade de existência ou não de gatilho foi tratada no encontro de hoje, mas sem definição.

Com a reticência de setores da economia, a interpretação é de que a ferramenta de controle possa passar a integrar a proposição. No início deste ano, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, defendeu que o novo modelo deve voltar o olhar para arrecadação e gastos, mas sem a existência de um gatilho automático.

Um Projeto de Lei Complementar (PLP), de número 62/23, sobre arcabouço fiscal foi protocolado na Câmara na semana passada. O texto está baseado no controle da dívida pública, adoção de limites de gastos por órgão federal e medidas de ajuste para corrigir eventuais desequilíbrios fiscais. O deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), autor da proposta, afirma que o texto é uma “contribuição antecipada” ao debate da nova âncora fiscal do país.