O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta terça-feira (21/3), que a proposta do novo arcabouço fiscal será apresentada apenas na volta da viagem à China. A declaração ocorreu durante entrevista à TV 247. O chefe do Executivo se encontrará com o presidente Xi Jinping e visitará o país entre os dias 26 e 31 deste mês.
“Eu falei: ‘Não temos que ter para quem indicar o nosso modelo de marco fiscal agora. Nós vamos viajar para a China e quando a gente voltar, Haddad, você reúne e anuncia’”, relatou o petista.
Lula alegou que seria “estranho” anunciar o texto e deixar o país sem maiores detalhamentos da proposta e disse que aproveitará as 24 horas de viagem ao lado do ministro da Fazenda para conversar ainda mais sobre o assunto.
“Deixa eu te contar porque não pode ser antes da volta. Nós embarcamos sábado. O Haddad não pode comunicar uma coisa e sair. Seria estranho. Eu anuncio e vou embora. Não. O Haddad tem que anunciar e ficar aqui para debater, para responder, para dar entrevista, visitar, conversar com o sistema financeiro, Câmara, Senado, ministros, empresários. O que não dá é a gente avisar e ir embora. Vamos eu, Haddad, muita gente. Como a visita para a China é muito curta, nós vamos conversando. Vou aproveitar e ficar 24 horas sentado do lado do Haddad conversando”, detalhou o presidente
Lula disse, porém, que o texto da ancoragem fiscal, que combina curva da dívida, superávit e controle de gastos, está “maduro” e voltou a defender que políticas sociais fiquem fora do teto.
“Acho que já está maduro. O que precisamos e eu tenho chamado atenção é: vamos fazer as coisas com muito cuidado porque não pode deixar faltar recurso para educação e saúde."
Ontem, Lula defendeu que políticas sociais como saúde e educação “não podem ser reféns do teto de gastos e juros altos”.
Lula destacou que é preciso “discutir um pouco mais”. “É preciso discutir um pouco mais. A gente não tem que ter a pressa que algumas pessoas do setor financeiro querem. Nós precisamos saber o seguinte: Nós vamos fazer um marco fiscal, eu quero mostrar ao mundo que eu tenho responsabilidade. Aliás, eu sempre digo: Não tem governo nenhum nesse país que foi mais sério do que nós fomos nos 8 anos que presidi esse país”.
E emendou não precisar que “venha um banqueiro me cobrar responsabilidade”. “Gastar é uma coisa que eu tenho responsabilidade. Só gastar aquilo que posso ganhar. Se for gastar, tenho que fazer uma dívida que seja algo que tenha rentabilidade, tenha recebíveis garantidos, posso aumentar o patrimônio deste país, a infraestrutura. O que não posso é gastar à toa. Ah, Vender Petrobras para pagar juros da dívida interna. Vender a Eletrobras para pagar juros. Isso sim é irresponsabilidade”.
Elogios a Haddad
O presidente também teceu elogios ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmando que ele “pensa igual ao governo” e é “competente para fazer o que tem que ser feito”. “Haddad já sabe demais. Foi o melhor ministro da Educação desse país, foi um prefeito muito competente na prefeitura de SP, ele tem muita política na cabeça e é competente para fazer o que tem que ser feito. Obviamente, o Haddad convive com outro segmento da sociedade que eu não convivo que é o sistema financeiro como um todo. Haddad é obrigado a conversar com banqueiros, investidores e tem que fazer as coisas com cuidado."
“O Haddad pensa igual ao governo, não há nenhum problema do PT contra o Haddad, não há nenhum problema meu contra o Haddad. Tenho respeito e carinho profundo e tenho certeza que ele vai ajudar a resolver o problema da economia desse país. É apenas uma questão de tempo. É importante lembrar como é que encontramos esse país, desmontado”.