O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, ontem, a retomada do programa Mais Médicos com prioridade para a convocação de profissionais da área de saúde brasileiros. O governo oferecerá cinco mil vagas a partir deste mês, sendo que outras 10 mil serão abertas no segundo semestre deste ano. O salário inicial é de R$ 12,8 mil, mais auxílio moradia — além de ajuda no aperfeiçoamento profissional —, e o Palácio do Planalto pretende ampliar as contratações até ocuparem 28 mil postos.
Até ser extinto na gestão de Jair Bolsonaro, sob a acusação de que era uma maneira de o governo brasileiro financiar a ditadura dos irmãos Fidel e Raúl Castro, boa parte das vagas do programa era ocupada por estrangeiros — sobretudo cubanos. Isso não quer dizer, porém, que profissionais de outras nacionalidades não serão aceitos, como anunciou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Queremos que todos os médicos que se inscrevam sejam brasileiros. Se não tiver, vamos fazer um chamamento para que estrangeiros ocupem essa tarefa. O que importa não é apenas saber a nacionalidade do médico, é saber a nacionalidade do paciente, um brasileiro que precisa de saúde", afirmou.
Lacuna
Segundo levantamento do Ministério da Saúde, há aproximadamente quatro mil equipes de saúde que atuam em regiões vulneráveis sem médicos. O índice de desistência de ocupação dessas vagas é em torno de 41%, de acordo com levantamento da pasta. Para a ministra Nísia Trindade, esse desestímulo se acentuou no governo Bolsonaro.
"(O programa) foi descaracterizado nos últimos seis anos e a proposta do governo anterior não garantia médicos onde mais se necessitava. O ano de 2022 finalizou com mais de 4 mil equipes da saúde da família sem médicos, o pior cenário em 10 anos, afetando, principalmente, as áreas e as pessoas em situação de vulnerabilidade", lamentou a ministra.
Segundo Nísia, a retomada do programa é fundamental, porque os contratos com cerca de 2,5 mil médicos se encerram em junho. "É necessário prorrogar a permanência desses profissionais que têm tido a maior média de permanência na saúde da família", explicou.
Os novos contratos do programa serão de quatro anos, e não de três — como é atualmente —, podendo ser prorrogado por mais quatro. Segundo Nísia, a ideia é fazer com que esse período seja suficiente para que o profissional concluir a especialização em saúde primária.
Quem entrou no curso de medicina por meio do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) receberá atenção especial no programa. Ao permanecer por um ano no Mais Médicos, e atuando em alguma área de vulnerabilidade social, o estudante terá abatimento na bolsa do Fies.
Já para médicas que se tornarem mães enquanto estiverem no programa, um benefício para permanecerem será o bolsa maternidade, que complementa o valor do auxílio do INSS por até seis meses.
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