DECISÃO

Carlos Melles renuncia ao cargo de Diretor-Presidente do Sebrae Nacional

Melles, que estava na presidência do Sebrae desde 2019, se adiantou a uma reunião marcada para esta quinta-feira (30/3) que poderia destitui-lo do cargo

Renato Souza
Ronayre Nunes
Aline Brito
Bernardo Estillac - Estado de Minas
postado em 29/03/2023 19:56
 (crédito:  Carlos Vieira/CB)
(crédito: Carlos Vieira/CB)

O Diretor-Presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Carlos Melles, renunciou ao cargo. A renúncia foi entregue ao Presidente do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae, José Zeferino Pedroso, nesta quarta-feira (29/3), após quatro anos à frente do órgão.

Melles atuava como presidente do Sebrae desde 2019, quando foi eleito. Em 2022, ele foi reeleito para o cargo e teria mais quatro anos à frente do órgão, mas decidiu abrir mão da chefia nesta quarta após movimentações do governo federal para tirá-lo do cargo.

“Expresso meu respeito a todo o Sistema do Sebrae e aos milhões de empresários de pequenos negócios”, disse Melles ao renunciar. 

Renúncia Carlos Melles
Renúncia Carlos Melles (foto: Sebrae)

Melles é natural de São Sebastião do Paraíso (MG). Foi deputado federal por Minas Gerais durante seis mandatos, entre 1995 e 2019. Atualmente é filiado ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. O governo federal tenta viabilizar nova eleição para a direção do Sebrae e tem no petista Décio Lima, que concorreu ao governo de Santa Catarina nas últimas eleições, o nome mais cotado para o cargo.

Tentativa de destituição

Melles se adiantou a uma reunião marcada para esta quinta-feira (30/3) que poderia destitui-lo do cargo. O Conselho Deliberativo do Sebrae iria se reunir após o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se articular para tentar retirar Melles do cargo.

O Executivo considera que o Sebrae é um importante braço para as políticas de incentivo ao empreendedorismo e combate às desigualdades sociais. O órgão tem um orçamento médio de R$ 5,5 bilhões e unidades em todo o país. O PT pretende indicar o ex-deputado Décio Lima, de Santa Catarina, para a gestão da instituição.

Entenda o impasse sobre o Sebrae

O impasse envolvendo a direção do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o governo federal chegou ao Congresso Nacional no começo desta semana. A Frente Parlamentar do Comércio, Serviços e Empreendedorismo (FCS) manifestou receio com os rumores de que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende realizar uma nova eleição do conselho diretivo da organização, a fim de substituir o comando escolhido no fim do ano passado, ainda sob a gestão de Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto.

“Acompanhamos, com muita preocupação, o noticiário das últimas semanas a respeito de iniciativas para anular o resultado de eleição realizada em 29/11/2022, na qual foram escolhidos os novos dirigentes do Sebrae para o quadriênio 2023-2026, em total conformidade com os estatutos da instituição e à legislação em vigor no país. Os dirigentes foram empossados em 04/01/2023 e estão em pleno exercício de suas funções. Agora, exige-se a destituição deles e a realização de uma nova eleição, uma vez que houve uma troca de comando no Palácio do Planalto”, diz a nota emitida pela FCS.

Em entrevista ao Correio/Estado de Minas, o senador Efraim Filho (DEM-PB), presidente da FCS, ressaltou que o Brasil convive com um desafio de gerar empregos, e que os micro e pequenos são a força motriz para criação de postos de trabalho. Ele exaltou o trabalho do Sebrae e disse que não é ideal que ocorram interferências governamentais na direção do serviço.

“O impacto de uma mudança na direção seria desequilibrar essa relação entre o Sebrae e o governo federal, que a gente entende que deva ser pautada pela harmonia e independência, portanto, é essencial preservar as conquistas institucionais do Sebrae”, ressaltou o parlamentar.

“A estabilidade na relação com o poder público, especialmente o governo federal, deve ser harmoniosa, porém independente, sem relação de subserviência ou interferência na sua administração. Dessa forma, é um “jogo de ganha-ganha”, bom para o Sebrae, bom para o governo, e melhor ainda para os micro, pequenos e médios empreendedores do Brasil”, completou.

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