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Seguidores estão na expectativa pela volta de Bolsonaro nesta quinta

Ex-presidente desembarca amanhã de volta ao Brasil, com a expectativa de liderar a oposição e de prestar contas à Justiça

Luana Patriolino
postado em 29/03/2023 03:55
 (crédito: ALEX WONG / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP))
(crédito: ALEX WONG / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP))

Com a esperança de reacender a força da direita, abalada desde os atos terroristas que depredaram as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro, os radicais apostam todas as fichas no retorno de Jair Bolsonaro, amanhã, ao Brasil. Para os aliados do ex-presidente, a volta ajudará o PL a cumprir o ambicioso plano de conseguir mil prefeituras em 2024, o que daria uma boa plataforma para, nas eleições de 2026, a extrema direita tentar voltar ao Palácio do Planalto. Para o governo Lula, a reaparição de Bolsonaro no país não mudará os ventos do cenário político atual.

Bolsonaro desembarca às 7h10, em Brasília, de um voo comercial. Há três meses nos Estados Unidos, ele aguardou passar o impacto da tentativa de golpe em janeiro e a possibilidade de ser preso no Brasil. Mas, mesmo assim, volta no momento em que um terceiro estojo com bens de alto valor, este presenteado pelos Emirados Árabes, entrou no país e foi incorporado indevidamente ao patrimônio pessoal do ex-presidente.

Ele deve cumprir uma agenda institucional como presidente de honra do PL e viajar o país para conseguir novos cabos eleitorais de olho nas eleições municipais do ano que vem. O presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, aposta na dobradinha de Jair e Michelle. Mas, nos bastidores, percebem que a ascensão da ex-primeira-dama no partido causa incômodo no clã Bolsonaro.

Costa Neto vem tentando unificar sua base e o discurso dos parlamentares, minimizando o conflito interno entre os bolsonaristas e os moderados do PL. Toda a mobilização é em prol de triplicar o número de prefeituras que a sigla controla, passando de 328 para mais de mil. Na mira, grandes cidades de três dos principais colégios eleitorais do país — São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Ex-ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) é um dos mais entusiasmados com a volta. Ele afirmou que irá ao Aeroporto de Brasília esperar o ex-presidente. Michelle, Valdemar e Walter Braga Neto, ex-vice dele na chapa derrotada à reeleição, em outubro passado, também no desembarque.

"Falei hoje com nosso capitão e já garanti que serei um dos primeiros brasileiros que estará no aeroporto aguardando seu retorno", garantiu Ciro em publicação nas redes sociais.

Para o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), porém, o ex-presidente não tem mais a mesma força. "Ele está voltando de umas férias longas. Espero que comece a trabalhar em alguma coisa. Sobre as eleições, acho que é uma pessoa que não tem capacidade de organizar campanha em lugar algum", disse ao Correio.

Judiciário

No Brasil, Bolsonaro também enfrentará as pendências com o Judiciário. Sem mandato, perdeu a prerrogativa de foro e terá de se defender nas instâncias ordinárias da Justiça dos processos contra ele. Há, ainda, a possibilidade do ajuizamento de novas ações. O ex-presidente é investigado em processos sobre a atuação de milícias digitais e disseminação de fake news.

Na avaliação do cientista político André César, Bolsonaro terá de lidar com um país diferente daquele que deixou em dezembro. "A direita está buscando nomes. Se ele não se mostrar digno do comando desse grupo, vai ser escanteado", previu.

Para o também cientista político Leonardo Barreto, o ex-presidente volta enfraquecido politicamente. "Esse abandono da Presidência, o caso das joias, isso tudo traz o Bolsonaro para um patamar menor. Vai enfrentar uma série de batalhas judiciais, que vão tornar a vida dele muito difícil. Mas continua sendo um player importante", disse.

O constitucionalista Nauê Bernardo de Azevedo partilha do mesmo entendimento. "É natural que queira fazer barulho no seu retorno ao Brasil, de modo a se colocar como a liderança de oposição que ele poderia estar exercendo desde janeiro. Não o fez por estar afastado do país", ressaltou.

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