O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), declarou nesta terça-feira (28/3) que o modelo tributário atual é "muito injusto", e defendeu que a reforma tributária pode gerar um crescimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro nos próximos 15 anos. Alckmin discursou na abertura da Marcha dos Prefeitos, que reúne representantes de 4.100 municípios brasileiros em Brasília até a próxima quinta-feira (30).
"Nós temos um modelo tributário, primeiro, caótico. Vai tudo para a Justiça. Em São Paulo, quando eu era governador: 'me traga aqui os 20 maiores devedores do estado'. Tudo empresa bilionária, as maiores do Brasil. A melhor profissão no Brasil é advogado tributarista. Então, nosso primeiro objetivo é a simplificação", declarou o vice-presidente.
- Correio debate questões sobre a reforma tributária em evento
- Haddad tenta convencer prefeitos que reforma tributária não prejudicará cofres
- Com ministros, Alckmin participa da abertura da Marcha dos Prefeitos
- Com discurso de pacifismo com prefeitos, Lula encerra evento em Brasília
Um dos principais temas a serem discutidos na Marcha, a reforma tributária conta com um painel próprio amanhã, que terá a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e de outros integrantes da equipe econômica. Parte dos prefeitos teme que a reforma proposta pelo governo federal possa resultar em uma perda de arrecadação e tenta emplacar outro modelo. O governo federal, por sua vez, tenta convencer esta ala dos municípios.
Em seu discurso, Alckmin citou ainda que foi prefeito durante o período do "milagre brasileiro", entre 1969 e 1973, quando o crescimento econômico chegou a 12% ao ano. "Abria uma lanchonete por semana", comentou o ministro. "Nós precisamos fazer a economia voltar a crescer. Essa é uma reforma tributária que traz eficiência econômica, e pode fazer o PIB crescer, em 15 anos, 10%", acrescentou.
População não consegue consumir, diz Alckmin
Já sobre a distribuição da carga tributária, Alckmin afirmou que, atualmente, o modelo é muito injusto e que a carga sobre o consumo é muito alta, impedindo a população de consumir. Ele citou ainda que, em alguns municípios, a renda per capta chega a R$ 9 mil, enquanto em outros, é de R$ 30. Segundo o vice-presidente, o governo federal quer aumentar a arrecadação dos municípios.
"A população consome pouco. Como é que eu vou comprar um carro, se eu ganhou R$ 1.320, um salário mínimo, se o carro baratinho, popular, custa R$ 70 mil? Então o Brasil tem capacidade de produzir 5 milhões de veículos, chegou a produzir quase 4 milhões, e hoje produz 2 milhões. O povo não tem dinheiro", declarou. A fala ocorre em meio a uma retração no mercado de veículos, com montadoras concedendo férias coletivas a seus funcionários.
Além de Alckmin, participaram da abertura da Marcha dos Prefeitos outros ministros, como Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), Daniela Carneiro (Turismo), Carlos Lupi (Previdência), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome) e Nísia Trindade (Saúde), além de governadores, parlamentares e autoridades.
O evento é realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Segundo a organização, estão representandos no evento 4.100 municípios brasileiros, e o total de participantes ultrapassa 11 mil. Os ministérios devem ainda receber prefeitos durante a semana. O Ministério da Cultura, por exemplo, instalou um balcão de atendimentos no Centro de Convenções.
Saiba Mais
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.