O juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba, que comanda a Operação Lava-Jato, ouviu nesta segunda-feira (27/3), por videoconferência, o depoimento do advogado Rodrigo Tacla Duran, que ratificou a acusação de que recebeu um pedido para pagamento de propina de Carlos Zocolloto Junior, ex-sócio da esposa do, agora, senador Sérgio Moro (UB-PR), Rosângela Moro (UB-SP).
Em 2019, Duran acusou Zocolloto de propôr uma intermediação junto a Moro e ao então procurador da República Deltan Dallagnol, eleito deputado federal pelo Podemos do Paraná, para negociar uma delação premiada para não ser preso. O juiz Eduardo Appio encerrou a audiência porque considerou que o caso está sob jurisdição do ministro Ricardo Lewandowsky, do Supremo Tribunal Federal.
Moro, a esposa e Dallagnol têm foro privilegiado, porque ocupam assentos no Congresso Nacional. Em seu despacho, após encerrar a oitiva, Appio considerou que os processos da Lava-Jato “se encontram suspensos por decisão soberana do STF”. Mas acatou o pedido para que Tacla Duran seja incluído no programa federal de proteção a testemunhas, “por conta do grande poderio político e econômico dos envolvidos”.
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Ele considera que a vara de Curitiba só pode apreciar medidas “em caso concreto de risco à segurança das testemunhas e autoridades envolvidas”. Tacla Duran está em Madrid, de onde prestou o depoimento por videoconferência.
Ex-advogado da empreiteira Odebrecht, Duran teve pedido de prisão decretado por Sérgio Moro em 2016, acusado de lavagem de dinheiro em montante que superava R$ 50 milhões. Filho de espanhóis, ele tem dupla cidadania. Para não ser preso no Brasil, fugiu para Madrid em novembro de 2016, mas acabou detido por 70 dias pela Justiça daquele país.
A Justiça Federal do Brasil pediu a extradição do advogado, mas o pedido foi negado e Duran foi solto após passar 70 dias na cadeia. A ordem de prisão da Justiça Federal foi revogada pelo juiz Eduardo Appio, no mês passado, quando assumiu o comando da Lava-Jato.
Moro nega acusações
O senador Sérgio Moro, que está na Argentina, assim que soube do resultado da audiência, divulgou nota em que declara que “não teme qualquer investigação” e “lamenta o uso político de calúnias feitas por criminoso confesso e destituído de credibilidade”. Segundo o senador, Tacla Duran “confessou lavar dinheiro para a Odebrecht e teve a prisão preventiva decretada pela Lava-Jato”.
“Desde 2017, (Duran) faz acusações falsas, sem qualquer prova, salvo as que ele mesmo fabricou. Tenta desde 2020 fazer delação premiada junto à Procuradoria Geral da República, sem sucesso. Por ausência de provas, o procedimento na PGR foi arquivado em 9/6/22”, declarou.
Em entrevista concedida na Espanha ao jornalista Jamil Chade, do Uol, em 2019, Tacla Duran disse que a tentativa de extorsão somava US$ 5 milhões, e que chegou a pagar uma parcela de US$ 612 mil ao advogado Marlus Arns, amigo do casal Moro, para não tivesse a prisão decretada.
Duran diz ter, como prova, um comprovante de transferência bancária no valor da primeira parcela da suposta extorsão. Na entrevista, o advogado disse que “pagou para não ser preso”.
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