O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, declarou neste sábado (25/3) que, para o Brasil, sanções unilaterais não são instrumentos legítimos e são contraproducentes em conflitos entre países, como a guerra entre Rússia e a Ucrânia. Ele também criticou, sobre a guerra, discursos internacionais que defendem a transferência de armas para as nações envolvidas e frisou que o Brasil defende uma solução diplomática para o fim do confronto.
"A persistência do conflito na Ucrânia exige que um maior número de atores da comunidade internacional assuma compromisso com a paz. Temos visto e ouvido a preponderância de discursos defendendo a transferência de armas, naturalizando a retórica belicista e qualificando chamados pelo diálogo e pela diplomacia como 'ingênuos'. O Brasil pensa de forma diferente", discursou o chanceler em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segmento de Chefes de Estado e governo da XXVIII Cúpula Ibero-americana, que ocorre em São Domingos, República Dominicana.
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Mauro Vieira também condenou a invasão e anexação de províncias da Ucrânia pela Rússia, e disse defender uma solução negociada para a guerra, a partir de um "diálogo direto" ou indireto entre os envolvidos. Lula quer reunir um grupo de países que não está envolvido no confronto para negociar a paz, o que seria discutido com o presidente da China, Xi Jinping, na viagem cancelada hoje.
"Entendemos que a imposição de sanções unilaterais não é um instrumento legítimo, ademais de ser, no fim das contas, contraproducente", frisou o chanceler. Após pedido da Alemanha, o Brasil se recusou a enviar munições para tanques de guerra na Ucrânia. Em resposta, a Alemanha embargou a venda de 28 tanques brasileiros, do modelo Guarani, que continham peças alemãs, às Filipinas. Após o veto, o Brasil vai produzir as peças necessárias para completar a venda.
Conselho de Segurança precisa ser reformado, defende Mauro Vieira
O chefe do Itamaraty também voltou a criticar o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, que diz estar paralisado. O Brasil pleiteia uma cadeira permanente no conselho, que atualmente só são ocupadas pelos Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França. Mauro Vieira defende que o organismo seja reestruturado, algo que está sendo considerado no cenário internacional e vem ganhando tração, inclusive, com os Estados Unidos. Outros países que pleiteiam cadeiras são o Japão, Alemanha e a Índia.
"É preciso reconhecer que chegamos até aqui porque as ferramentas da governança global têm-se provado inadequadas para encaminhar a resolução de tantos problemas contemporâneos de escala global", discursou o Chanceler. "Diante do conflito na Ucrânia, o Conselho de Segurança das Nações Unidas encontra-se virtualmente paralisado como órgão deliberativo, em parte porque sua composição não é representativa da atual correlação de forças no cenário internacional e seus métodos de trabalho estão defasados", acrescentou.
A Cúpula Ibero-americana ocorreu entre ontem (24/3) e hoje (25/3), reunindo países da América Latina e da Península Ibérica. Em paralelo com o evento, Mauro Vieira teve reuniões com representantes internacionais, como o chanceler da Venezuela, Yván Gil, e com o da Espanha, José Manuel Albares.
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